Os protestos repetem-se contra a declaração de reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, feita por Donald Trump, enquanto gritos de “Morte à América” e “Morte à Israel” ecoam em toda a nação árabe.
Foi com a queima da bandeira norte-americana que, na Cisjordânia, a decisão dos Estados Unidos de reconhecerem Jerusalém como capital de Israel foi recebida. Uma enorme frustração e cólera manifestadas em Gaza e em Ramallah. Em Belém, a árvore de Natal foi mesmo apagada na noite passada.
“O que pedimos agora é que a Autoridade Palestiniana e o Presidente Mahmoud Abbas ponham fim a todas as negociações de paz com Israel”, apela um palestiniano. Antes mesmo da declaração de Donald Trump, já milhares de palestinianos da Faixa de Gaza, furiosos, tinham participado num enorme protesto, queimando bandeiras americanas e gritando “Morte à América” e “Morte à Israel”. Em contraste, o ambiente em Jerusalém é de calma e satisfação.
Um residente diz: “Jerusalém sempre foi a capital de Israel. E Israel não precisava de um reconhecimento formal para isso. Contudo, penso que é impressionante que um país tão poderoso como os Estados Unidos e tão próximo de Israel tome a decisão do reconhecimento da capital”. A Jordânia considera “legalmente nula” e uma “violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU” a declaração de reconhecimento feita por Donald Trump. Os mais de cem mil palestinianos refugiados no país mostraram-se chocados com a notícia. Na Turquia, centenas de pessoas saíram às ruas em gesto de protesto em Ancara e Istambul, e o Governo considerou a decisão de Donald Trump “irresponsável”.
Jerusalém: Líderes mundiais desaprovam decisão de Trump
As reacções dos líderes mundiais sucedem-se em desaprovação do reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel pelos Estados Unidos. “Contrária ao Direito Internacional e às resoluções da ONU”, sublinham. As reacções dos líderes mundiais à decisão norte-americana de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, são de desacordo. Não só no mundo árabe, como na Europa.
Mesmo as Nações Unidas o dizem alto e bom som: O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou: “Não há alternativa à solução de dois estados. Não há plano B. É apenas na realização da visão de dois estados, vivendo lado a lado, em paz, segurança e reconhecimento mútuo, com Jerusalém como capital de Israel e da Palestina e com todas as questões do estatuto permanente resolvidas através de negociações, que as legítimas aspirações dos dois povos serão alcançadas”.
O presidente francês, Emmanuel Macron, diz: “Só posso desaprovar e reafirmar a minha posição, na medida em que a decisão do Presidente Trump é uma decisão unilateral, que só corresponde aos Estados Unidos da América. Reafirmo simplesmente que esta decisão é uma violação ao direito internacional e a todas as resoluções das Nações Unidas.
“As nossas embaixadas, as embaixadas europeias, têm sempre estado em Telavive e há uma razão para isso: É que nós, simplesmente, não queremos agir unilateralmente porque há um processo de negociação – que nós acompanhamos – mas, no final, tem que ser decidido entre israelitas e palestinianos.
Hamas apela a uma nova intifada
Depois do anúncio de Donald Trump sobre Jerusalém, o Hamas apelou a uma nova intifada. O movimento islâmico palestiniano pede que se inicie uma revolta um dia depois de Donald Trump reconhecer Jerusalém como capital de Israel. “Hoje reconhecemos, finalmente, o óbvio, que Jerusalém é a capital de Israel (…) Isto é mais do que o reconhecimento da realidade. (…) É algo que tem que ser feito.
Com este anúncio reafirmo o comprometimento da minha administração com um futuro de paz”, afirmou Quartafeira o Presidente dos EUA. Ainda Quarta-feira, e depois deste anúncio, o líder político do Hamas, Ismail Haniye, afirmara que a decisão de Trump não altera o estatuto “religioso, jurídico e administrativo” da cidade. Outro responsável do grupo garantia que a decisão “abre as portas do inferno”. Os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como capital do futuro Estado da Palestina, e mesmo a maioria dos países da comunidade internacional não reconhecem Jerusalém como capital de Israel.
Jerusalém capital de Israel: “Gratidão” para israelitas, “traição” para palestinianos
Os sentimentos de israelitas e palestinianos sobre a decisão anunciada por Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel são bem diferentes. Os israelitas mostram-se agradecidos; os palestinianos sentem-se traídos. Israelitas e palestinianos receberam a decisão de Donald Trump com sentimentos completamente diferentes.
Os palestinianos sente- se traídos pelo inquilino da Casa Branca e concluem, com este anúncio, que Washington tomou oficialmente partido de Israel. Do lado israelita, o anúncio é considerado um momento histórico: “Israel apela a todos os países que desejam a paz, que se juntem aos Estados Unidos no reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, e que mudem as respetivas embaixadas para aqui.
Também quero deixar claro que não haverá qualquer mudança no estatuto dos locais santos. Israel garantirá sempre a liberdade para judeus, cristãos e muçulmanos. Obrigado Presidente Trump por esta histórica decisão de reconhecer Jerusalém como capital de Israel!”, afirmou o primeiro- ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
O Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, não esconde a decepção, após inúmeras tentativas de demover Trump: “Estas medidas deploráveis e inaceitáveis vão minar deliberadamente todos os esforços de paz e proclamar que os Estados Unidos abandonam o papel de obreiros no processo de paz, que tiveram ao longo das últimas décadas”. Na região e em toda a comunidade internacional, ressuscitam os temores de uma escalada de violência no Médio Oriente. O Hamas ameaça com uma nova Intifada.
Decisão de Trump provoca reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU
O Presidente norte-americano reconheceu oficialmente Jerusalém como capital de Israel e tomou medidas para deslocar a embaixada. A decisão de Donald Trump de transferir a embaixada norte-americana em Israel de Telavive para Jerusalém lançou o alarme na ONU. O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai reunirse de emergência esta Sexta- feira para analisar a decisão de Trump e as possíveis consequências para a situação no Médio Oriente, já frágil, e que pode vir a piorar.
A reunião foi pedida por um conjunto de membros do Conselho de Segurança – França, Grã-Bretanha, Itália, Suécia, Uruguai, Bolívia, Egito e Senegal. O reconhecimento de Jerusalém como capital israelita era uma promessa antiga de Trump: “É altura de reconhecer oficialmente Jerusalém como capital de Israel.
Acredito que esta decisão favorece os Estados Unidos e o processo de paz entre Israel e os palestinianos”, disse o Presidente americano ao assinar o decreto que deu início ao processo. O acto, considerado perigoso para a estabilidade da região, foi condenado pela União Europeia e países como França, Alemanha, Reino Unido, Turquia e Jordânia.