A França quer acelerar a produção de armamento para equipar os seus militares e exportar para outros países, garantindo o apoio à Ucrânia, disse ontem o ministro das Forças Armadas francês, Sébastien Lecornu
“Precisamos de mais armas e precisamos de ser capazes de produzir mais rapidamente e ajudar a Ucrânia como prioridade, mas também há mais países que precisam deste tipo de equipamentos para as suas necessidades”, afirmou o ministro numa conferência de imprensa, onde estavam presentes todos os chefes de Estado-Maior.
O ministro afirmou “não querer correr riscos no apoio à Ucrânia” e instou as empresas de defesa francesas a “aumentarem a sua capacidade de produção para conseguir entregar os mísseis no segundo semestre de 2024”, dando prioridade às encomendas militares em detrimento das necessidades civis.
“Pela primeira vez, não excluo a possibilidade de utilizar o que a lei permite que o ministro e o Delegado Geral do Armamento (DGA) façam, ou seja, se as coisas não estiverem a correr bem em termos de ritmo de produção e prazos de entrega, fazer requisições, se necessário, ou fazer valer o direito de prioridade”, disse.
Segundo o ministro, o prazo de entrega do míssil antiaéreo de longo alcance Aster, produzido na França e na Itália pela MBDA, é demasiado longo.
A encomenda de 200 mísseis feita pelo Ministério em Janeiro de 2023, por 900 milhões de euros, tem entrega prevista para 2026.
O ministro das Forças Armadas defendeu que o país seja mais autónomo e argumentou que este investimento não se destina a prever uma escalada nos conflitos, mas de uma missão de protecção e de autodefesa aprovada pelo Presidente francês, Emmanuel Macron.
O Presidente francês pediu ainda ao ministro que a produção de projéCteis fosse duplicada este ano, com “o objectivo de entregar 100.000 projécteis de 155 milímetros”, 80.000 para a Ucrânia e os restantes para o exército francês, de acordo com o ministro.
Estas declarações surgem após os chefes do Estado-Maior, Thierry Burkhard e Pierre Schill, defenderem que o apoio à Ucrânia deve ser mais do que o fornecimento de armas e que o exército pode assumir compromissos “mais difíceis”, apoiando Macron na possibilidade de enviar tropas ocidentais para lutar no futuro.