A cimeira do BRICS, que concordou em convidar mais seis países para integrar a organização, não deve ser considerada na lógica “da Guerra Fria do século passado”, afirmou o chefe da diplomacia brasileira Mauro Vieira, num artigo para o jornal Folha de São Paulo
“Para começar, sugiro cuidado com análises que têm como pontos de partida lógicas importadas que fazem lembrar as da Guerra Fria do século passado.
O Brasil e a sua diplomacia sempre souberam navegar em momentos de fractura, como nas duas guerras mundiais e também na Guerra Fria”, escreveu Vieira.
Ele observou que o Brasil não tomaria partido se tais situações se repetissem no futuro. Além disso, o chanceler brasileiro acrescentou que não apoia a visão de que o Brasil não seria capaz de manter a influência no BRICS após o alargamento.
“O bloco é hoje, 15 anos após a sua criação, muito mais relevante, e esse capital político ampliado continuará a crescer e a render dividendos políticos para todos os integrantes.”
Assim, ele acredita que seria errado para o Brasil, que é a favor da reforma das governanças global e do aumento da participação dos países em desenvolvimento no Conselho de Segurança da ONU (CSNU), bloquear a expansão do BRICS.
“Por esses motivos, o governo brasileiro recebe com satisfação os resultados da cimeira, que atenderam plenamente os objectivos do Brasil.
Eventuais problemas futuros, tanto os apontados agora como os que venham a surgir, serão tratados com o mesmo pragmatismo e independência que caracterizam a política externa brasileira”, enfatizou o diplomata brasileiro.
Em Agosto, durante a 15ª Cúpula do BRICS, o bloco foi ampliado e ganhou mais seis membros: Argentina, Egipto, Etiópia, Irão, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita.
Entretanto, a adesão plena que, no futuro, possivelmente envolverá os novos membros em iniciativas como essa do treinamento começará a partir do dia 1º de Janeiro de 2024.