O exército russo confirmou ataques com mísseis, na madrugada de ontem, na Ucrânia, alegando ter atingido “todos os alvos” estabelecidos, enquanto as forças militares ucranianas afirmaram ter abatido a maioria dos foguetes e ‘drones’
“Esta madrugada, as forças armadas da Federação Russa lançaram um ataque concentrado com armas de longo alcance e alta precisão, pelo ar e pelo mar, em pontos de destacamento das forças armadas da Ucrânia, bem como nos locais de armazenamento de munições, armas e armamento militar entregue por países ocidentais”, disse o porta-voz militar russo, Igor Konashenkov.
Konashenkov garantiu que “todos os alvos designados foram atingidos”. Sem apresentar provas, o Ministério da Defesa russo afirmou ter destruído em Kiev um sistema anti-aéreo norte-americano Patriot e ter interceptado sete mísseis britânicos Storm Shadow.
As declarações de Konashenkov surgem depois de a força aérea ucraniana ter afirmado, num comunicado, que as defesas anti-aéreas da Ucrânia derrubaram hoje na capital ucraniana seis mísseis supersónicos, nove mísseis de cruzeiro e três mísseis balísticos, num ataque que começou por volta das 03:30 (02:30 em Luanda).
O ataque da Rússia a Kiev foi “excepcional na sua intensidade, atendendo ao número de mísseis de ataque lançados num curto período de tempo”, disse o chefe da Administração Militar de Kiev, Sergii Popko.
“De acordo com informações preliminares, a grande maioria dos alvos inimigos no espaço aéreo de Kiev foram detectados e destruídos”, disse Popko.
Além dos mísseis, a Rússia lançou nove ‘drones’ fabricados no Irão, que os ucranianos afirmaram também ter destruído. Um dos alvos russos ontem foi a capital ucraniana, que pela oitava vez neste mês foi bombardeada, provocando pelo menos três feridos.
O ataque também ocorre num momento em que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelenksy, está a concluir uma viagem pela Europa, onde se encontrou com os líderes dos principais aliados da Ucrânia durante a guerra, tendo garantido promessas de mais ajuda militar.
A ofensiva militar lançada a 24 de Fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas, 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa, justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia, foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que ontem entrou no seu 441.º dia, 8.791 civis mortos e 14.815 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.