A guerra entre Israel e Hamas já dura 130 dias na Faixa de Gaza. Na visão do ministro russo, Sergei Lavrov, as acções norte-americanas empurram não só a Palestina e Israel, mas “todo o Oriente Médio para uma catástrofe”
O ministro relatou que, neste momento, os Estados Unidos estão a empregar esforços para impedir a votação da resolução apresentada pela Argélia perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O país do Norte da África, que iniciou o seu mandato como membro não permanente do órgão para o período de 2024 a 2025, preparou um projecto de resolução que aborda questões de cessar-fogo em Gaza, continuou Lavrov.
O projecto ainda não foi posto a votação, mas Washington já está a “fazer todo o possível” para evitálo, afirmou o chanceler. Comentando a escalada da crise, Lavrov sublinhou que a mesma ainda não atingiu o seu máximo, e que as suas consequências podem ser observadas noutras partes da região.
O ministro enfatizou a situação na Cisjordânia, apontando incursões militares nestes territórios que causaram vítimas mortais. “Mas também fora dos territórios palestinianos há ataques com mísseis e bombas contra o território da Síria, do Iraque, bombardeamentos de bases americanas na Síria, no Iraque e na Jordânia”, declarou.
Lavrov também citou as tensões no mar Vermelho, bem como no Iêmen, que “se tornou mais um alvo dos ataques aéreos ilegítimos e agressivos dos EUA e do Reino Unido”.
O ministro ainda observou que Washington, apostando no seu domínio no Oriente Médio, procura impedir Moscovo de participar nos esforços internacionais para estabelecer a paz e a estabilidade na região.
“Os Estados Unidos bloquearam o trabalho do quarteto de mediadores internacionais para o acordo no Oriente Médio formado por Rússia, EUA, ONU e a União Europeia”, disse o chanceler, acrescentando que os EUA estão a “impor as suas próprias receitas, longe da realidade, soluções unilaterais que não têm em conta as especificidades nem dos países nem da região na situação actual”.
O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, disse nessa Terça-feira (13) que a Rússia apoiará qualquer iniciativa para a libertação dos reféns e o cessar-fogo em Gaza “se o objectivo de alcançar uma solução abrangente para o problema palestiniano não for perdido”. “Estamos dispostos a apoiar qualquer acção que conduza à libertação dos reféns e a um cessarfogo.
É claro que têm de ser acções construtivas, visando uma solução abrangente para o problema no âmbito das conhecidas resoluções anteriormente adoptadas pelo Conselho de Segurança [da ONU]”, disse Peskov a repórteres.
A Rússia e outros países instam Israel e o Hamas a concordarem com um cessar-fogo e a defenderem uma solução de dois Estados, aprovada pela ONU, em 1947, como a única forma possível de alcançar uma paz duradoura na região.
Em 7 de Outubro, o movimento Hamas atacou Israel a partir da Faixa de Gaza, deixando cerca de 1.200 mortos, número que cresceu, posteriormente, para cerca de 1.330 após a perda de soldados na campanha militar. Até agora, os ataques israelitas deixaram quase 28.500 palestinianos mortos e mais de 68.100 feridos.