Os Estados Unidos e a Arábia Saudita alertaram, ontem, que as violações do cessar-fogo pelo Exército e pelo grupo paramilitar no Sudão estão a impedir a ajuda humanitária e o restabelecimento de serviços essenciais no país
“Os dois lados lançaramataques e mobilizaram tropas, armas e outros recursos”, asseguraram os mediadores dos dois países num comunicado conjunto, detalhando as violações cometidas durante o cessar-fogo que termina nesta Segunda-feira.
Os representantes norte-americanos e sauditas, que mediaram as tréguas nos combates entre o Exército e o grupo paramilitar das Forças de Apoio Rápido (FAR), acusaram ainda as Forças Armadas sudanesas de usarem “caças diariamente durante a trégua, incluindo um ataque confirmado em 27 de Maio, em Cartum, que matou duas pessoas”.
O comunicado responsabilizou ainda as FAR pela “invasão de áreas civis, ocupando casas de cidadãos, empresas privadas e edifícios públicos”, principalmente nas zonas mais atingidas pelos combates nas últimas semanas.
Os mediadores lamentaram estas violações do cessar-fogo, quando “ambas as partes comunicaram que têm o comando e o controlo das suas tropas e se comprometeram a fornecer ajuda humanitária e a restabelecer os serviços essenciais”.
Adiantaram ainda que, na Sexta-feira, pessoal humanitário tentou chegar a hospitais e outras infra-estruturas, mas observaram franco-atiradores posicionados em território controlado pelo Exército, enquanto dois dias antes membros do FAR apreenderam material médico acabado de entregar a duas unidades de saúde.
Perante estas violações, a Arábia Saudita e os Estados Unidos instaram ambas as partes a acordarem “uma extensão do actual cessar-fogo, para dar mais tempo aos actores humanitários para realizarem este trabalho vital”.
A guerra no Sudão eclodiu no passado dia 15 de Abril entre o Exército comandado pelo general Fattah al-Burhane e os paramilitares do general Mohamed Hamdane Daglo, e os confrontos já provocaram pelo menos 1.800 mortos, de acordo com dados da organização não-governamental que monitoriza conflitos ACLED.
Segundo a mesma organização, há mais de um milhão de sudaneses deslocados internos e as Nações Unidas indicam que, pelo menos, 300 mil sudaneses estão refugiados nos países vizinhos desde Abril.
A ONU refere também que a “maior parte” da população sudanesa (25 milhões de um total de 45 milhões de pessoas) precisa de ajuda humanitária de emergência para sobreviver.