Após os Estados Unidos vetarem, no Conselho de Segurança da ONU, a resolução brasileira que poderia criar um corredor humanitário na Faixa de Gaza, reacções críticas começaram a aparecer.
É o caso da China, que também tem poder de veto no grupo. Para o representante permanente do país na entidade, Zhang Jun, a decisão é “chocante”.
“Devemos dizer que estamos chocados. É difícil de acreditar. A resolução russa [também rejeitada na Segunda-feira] foi dedicada à protecção dos civis, e muitos países a apoiaram.
E depois também votaram contra essa resolução, explicando que era necessário dar tempo para considerar a resolução apresentada pelo Brasil. Os colegas concordaram com o pedido e adiaram a reunião”, disse Zhang Jun.
Ao todo, 12 países foram favoráveis ao texto brasileiro, que tentava viabilizar o cessar-fogo para a criação de um corredor humanitário na zona de guerra, principalmente a Faixa de Gaza, onde vivem mais de 2,3 milhões de pessoas.
Além do Brasil e da China, apresentaram parecer positivo Albânia, Equador, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique, Suíça, Emirados Árabes Unidos e até a França, aliada histórica de Israel. Já a Rússia e o Reino Unido se abstiveram, e os Estados Unidos votaram contra pelo facto de o texto não mencionar o direito de autodefesa de Israel.
O país ainda deverá justificar a decisão em até dez dias e pode ser questionado inclusive pela Palestina, que é membro observador na Organização das Nações Unidas (ONU). “Nas últimas 40 horas, nenhuma objecção foi expressa ao projecto brasileiro, e esperávamos que hoje votassem a favor desta resolução.
Os resultados da votação são difíceis de acreditar”, acrescentou o representante chinês. ‘Fizemos todo o esforço possível’ Após a votação, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, disse que ficou desapontado com a posição americana sobre o texto, que também previa a retirada de civis da zona de conflito.
Conforme o chanceler, foi realizado ‘todo o esforço possível’ para a aprovação do projeto. “Esse texto focava basicamente na cessão das hostilidades, no aspecto humanitário, criando uma passagem humanitária e que também estabelecia a possibilidade de envio de ajuda humanitária.
Infelizmente, não foi possível aprovar essa resolução. Ficou clara a divisão de opiniões”, disse aos jornalistas após a reunião. Além disso, Vieira lembrou que foram realizadas diversas consultas aos países entre a última Sexta-feira e Domingo para construir a resolução.