Líder turco sobe o tom acerca do conflito em Gaza e diz que “lágrimas do Ocidente são uma manifestação de fraude”, complementanto que “Israel deve muito ao Ocidente, mas a Turquia não lhe deve nada”
No Sábado (21), o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, criticou, duramente, as acções israelitas na Faixa de Gaza, as quais classificou como um “frenesi da loucura”, conforme noticiado. Ontem (25), o líder turco fez comentários mais fortes sobre o Ocidente e a sua relação com o Estado judeu, afirmando que “o Ocidente considerou o Hamas uma organização terrorista, mas as “suas lágrimas são uma fraude”.
Falando para legisladores da sua formação política, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AK), Erdogan também defendeu o Hamas como organização não terrorista, frisando ser sim um grupo que luta para proteger as terras e o povo palestino.
“O Ocidente considerou o Hamas uma organização terrorista. Israel, o Ocidente deve-lhe muito, mas a Turquia não lhe deve nada.
O Hamas não é uma organização terrorista, é um grupo de libertação, mujahideen, que trava uma batalha para proteger as suas terras e o seu povo”, disse ele, usando a palavra árabe “mujahideen” que significa aqueles que lutam pela sua fé, segundo a TSF Rádio Notícias. Erdogan também declarou que Ancara “continuará a tomar posição contra as campanhas sujas.
Não trocaremos esta posição honrosa por interesses cotidianos.
A nossa abordagem de princípio na questão da Palestina é o exemplo mais concreto”. “Israel está matando crianças. Nunca poderemos permitir que essas crianças sejam mortas.
Disse isto ao primeiroministro deles [Benjamin Netanyahu] uma vez, em Davos, disse-lhe que sabe matar muito bem”, acrescentou Erdogan, sublinhando que Netanyahu “abusou da boa vontade” e, por isso, a viagem programada a Israel foi cancelada.
O presidente turco terminou seu discurso aos legisladores apelando a um cessar-fogo imediato entre as forças israelenses e palestinas e afirmou que os países muçulmanos “devem agir em conjunto para garantir uma paz duradoura na região”.
A Itália, parceira da Turquia na OTAN, ficou indignada com os comentários de Erdogan e o vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, classificou os mesmos como “graves e repugnantes e não ajudam na desescalada”.
“Vou propor ao meu colega [ministro das Relações Exteriores, Antonio] Tajani que envie um protesto formal e convoque o embaixador turco”, disse Salvini em nota, segundo a Reuters. Mais tarde, Tel Aviv emitiu um comunicado “rejeitando de todo o coração” a afirmação de Erdogan de que o Hamas não é uma organização terrorista.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lior Haiat, afirmou que “o Hamas é pior que o Daesh [organização proibida na Rússia e em diversos outros países]”.
“O Hamas é uma organização terrorista desprezível, pior que o Daesh, que assassina brutal e intencionalmente bebês, crianças, mulheres e idosos, faz civis como reféns e usa o seu próprio povo como escudos humanos.
Mesmo a tentativa do presidente turco de defender a organização terrorista e as suas palavras incitantes não mudarão os horrores que o mundo inteiro viu e o facto inequívoco: Hamas = Daesh”, disse Haiat no X (antigo Twitter).