“A Rússia fez tudo para que muitos dirigentes não estivessem aqui connosco, por isso, estou muito agradecido a todos aqueles que mostraram a sua posição de princípio, mostrando que eram dirigentes de países independentes e estiveram aqui de livre vontade”, começou por dizer Zelensky numa conferência de imprensa em Bürgenstock, na Suíça.
“Esta conferência é um pequeno passo; o verdadeiro sucesso será o fim da guerra. Será mais do que sucesso, é uma oportunidade para conseguirmos sobreviver e viver a nossa vida”, ressaltou ainda Zelensky.
Sobre o facto de o Brasil – assim como a Índia, África do Sul, Arménia, Barém, Indonésia, Líbia, Arábia Saudita, Tailândia, Emirados Árabes Unidos, México e as ausentes China e Rússia – não ter assinado o documento, o líder ucraniano afirmou que “tomou nota” e, apesar de se ter disponibilizado a chegar a uma “convergência”, “a guerra não é uma divergência, é outra coisa”.
“A Rússia está a ser um país de ocupação e está a fazê-lo contra outro país, no caso, a Ucrânia, que é uma vítima. Não há uma divergência de opiniões, nenhum mal entendido diplomático… É um caso bastante grave e com muitas vítimas.
Não fomos nós que começámos esta guerra. A Ucrânia tem direito à sua independência, à integridade territorial do seu país e o sucesso desta cimeira passa também por todos terem reconhecido isso e foi um apoio robusto o que aconteceu aqui pela Ucrânia”, declarou Zelensky, salientando que “quando o Brasil e a China subscreverem os princípios expressos pela comunidade internacional, deveremos então unir esforços de todo o mundo nesse sentido”.
Questionado sobre quando é que a Rússia poderá vir a ser convidada para o processo de negociação de paz, o presidente ucraniano afirmou que o povo “precisa da paz” e que esta “é necessária para todo o mundo”.
“Nós temos de fazer o nosso trabalho; não nos preocupemos, para já, com a Rússia. Faremos o que temos de fazer. De momento, a Rússia e os seus dirigentes não estão apostados na paz, esse é um facto. E as suas declarações são a prova disso. Para a Rússia, temos de abandonar territórios que são nossos para a paz. Isto não é aceitável”, assentiu.
Neste sentido, o líder ucraniano afirmou que “muitos países defenderam que devia haver uma representação da Rússia”, enquanto “a maioria dos países não queria apertar-lhes a mão e tinham opiniões diferentes”. Além disso, acusou o país invasor de “bloquear todas as iniciativas” porque “não tinha interesse de acabar a sua invasão.