Os cerca de cinquenta manifestantes (segundo o jornal Globo) do Movimento dos Trabalhadores Sem Tecto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, que ocuparam o triplex atribuído ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desocuparam o local após negociações com a Polícia Militar (PM). A ocupação durou cerca de 4 horas
Segundo uma confirmação da Polícia Militar, os manifestantes quebraram o portão do parque de estacionamento e saltaram o gradeamento para forçarem a sua entrada no Edifício Solaris. Como ocorreram danos no prédio, será registado um boletim de ocorrências na Delegacia da cidade.
O manifestante do MTST Josué Rocha explicou ao Globo que os manifestantes saíram do local no meio-dia (16 horas de Luanda). “A Polícia Militar deu um prazo para sairmos, senão poderia ter acção de reintegração e prisão dos manifestantes”, revelou.
Os manifestantes chegaram ao local às 8h30 (12:30 em Luanda). “Se o triplex é do Lula, podemos permanecer. Se não é, por que ele está preso?”, questiona Rocha. Segundo ele, mais de 50 pessoas permaneceram no interior do triplex, e outros cem manifestantes estavam frente ao prédio.
O grupo estendeu faixas com mensagens: “Povo Sem Medo”, “Se é do Lula, é nosso” e “Se não é, por que prendeu?”, na varanda do triplex. “Queremos provocar essa discussão. Eles não têm provas de que o triplex é do Lula, não há nenhuma prova da propriedade, a condenação é uma farsa”, concluiu o manifestante. Rocha ainda explicou que a entrada no triplex foi pacífica, sem registo algum de violência. A PM confirmou que a manifestação ocorreu de forma pacífica.
O pré-candidato a Presidente da República brasileira pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, participou na manifestação no apartamento. Ele anunciou o lançamento da sua pré-candidatura no dia 10 de Março, em São Paulo.
O protesto foi realizado nove dias após Lula entregar-se à Polícia Federal em São Bernardo do Campo e ser encaminhado para Curitiba. Ele está preso desde o último dia 7, após permanecer dois dias na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro após entender que a construtora OAS pagou 2,2 milhões de reais em propinas a Lula através da entrega do triplex e reformas no imóvel.
O recurso foi analisado por três desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, esta Quarta- feira, e Lula acabou condenado em segunda instância por três votos a zero. Os desembargadores ainda aumentaram a pena para 12 anos e um mês de prisão.
A Justiça Estadual de São Paulo ainda decidiu bloquear o apartamento triplex, que é investigado pela Operação Lava Jato. O leilão será realizado nos dias 15 e 22 de Maio e os lances podem ser feitos pela Internet.