O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) tem registos de mais de 71 mil pessoas desaparecidas em África, dado que representa um aumento de 75% face aos números de 2019, informou ontem aquela organização
África é o continente com o maior número de pessoas desaparecidas, o maior nú acompanhadas e o maior número de reagrupamentos familiares, de acordo com os casos documentados pelo CICV até ao final de Junho.
O CICV esclareceu que os números referem-se apenas aos casos registados naquela entidade e pelas secções nacionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho como desaparecidos no final de Junho e “não representam o número total de pessoas desaparecidas em África”.
Os desaparecimentos são “uma das consequências humanitárias mais prejudiciais e duradouras dos conflitos armados e de outras situações de violência”, disse o director regional do CICV para África, Patrick Youssef, citado na mesma nota.
“Por detrás de cada pessoa desaparecida há inúmeras outras que sofrem de angústia e incerteza. É uma tragédia humanitária para as famílias, que tem consequências para a sociedade como um todo”, sublinhou Youssef na nota emitida por ocasião do Dia Internacional dos Desaparecidos, que se assinala sexta-feira.
Os conflitos armados prolongados em África levaram ao desaparecimento de milhares de pessoas. O continente é também muito sujeito a desastres naturais, alguns deles exacerbados pelas alterações climáticas, enquanto as perigosas viagens migratórias colocam pessoas vulneráveis em risco de separação e desaparecimento.
Face a esta realidade, o CICV apelou a um “esforço internacional mais determinado” para prevenir e resolver o problema das pessoas desaparecidas. A vontade política, sublinhou, é um “passo essencial” para garantir os recursos necessários para resolver a situação, incluindo a cooperação entre as autoridades, tanto a nível nacional como transfronteiriço.
“Nos conflitos armados, tanto os civis como os combatentes desaparecem. Podem desaparecer quando são presos ou capturados, detidos e mantidos incomunicáveis. Podem estar vivos, mas simplesmente não têm meios para contactar as famílias”, recordou o responsável do CICV.