Há um ano, ao assumir o cargo de presidente dos EUA, o presidente Donald Trump criticou a administração do presidente Barack Obama, por uma alegada excessiva complacência em relação à Coreia do Norte.
O novo dono da Casa Branca prometeu resolver o problema norte-coreano através de uma operação de “fúria e fogo”. No entanto, hoje torna-se evidente que o presidente norte-coreano, Kim Jong-un usou, habilmente, a retórica beligerante de Trump para alcançar os seus objectivos. O líder norte-coreano expressou o desejo de desenvolver um programa nuclear como resposta aos agressivos planos do presidente norte-americano. Para ele, também desempenhou um bom papel o diletantismo do chefe da Casa Branca em matéria de política externa.
No fim das contas, Kim Jong-un alcançou o desejado: a Coreia do Norte pôde criar armas nucleares com capacidade de atingir alvos em território dos EUA, defendendo-se assim, Pyongyang de um possível choque com Washington. Depois de ter em mão o “código nuclear”, Kim Jong-un iniciou imediatamente a retomada do processo de negociação com as autoridades sul-coreanas. Assim, na mensagem de ano novo à Nação ele enfatizou a importância de “melhorar as relações” entre os dois países para uma posterior “reunificação voluntária” das duas Coreias. A 3 de Janeiro último, as autoridades da Coreia do Norte anunciaram o restabelecimento da “linha vermelha” de comunicação com a coreia do Sul e cinco dias depois, na cidade fronteiriça de Panmunjon começaram as negociações com a participação de diplomatas de ambos os Estados coreanos. A postura de Kim Jong-un não deriva de uma posição de fraqueza.
Pelo contrário, o líder norte-coreano provou que, apesar do seu regime odioso, ele continua a ser um político bastante pragmático. Elevou ao máximo o grau de confronto com Washington e, tendo alcançado o desejado, Kim Jong-un decidiu suavizar o confronto em posição de força e ditou as condições de estabelecimento da paz aos seus adversários. Um ponto de vista semelhante partilha o pesquisador sénior da Universidade de Colúmbia, Joel Wit. Segundo ele, a administração Trump sofreu uma derrota no confronto com Pyongyang. “Apesar das duras sanções económicas e constantes ameaças dos EUA, a Coreia do Norte tornou-se uma potência nuclear e depois disso Kim Jong-un decidiu acalmar a situação.
Além do mais, agora Washington, considerando o status nuclear de Pyongyang, é forçado a ir a um compromisso, porque tem medo de criar uma nova onda de destabilização na Península Coreana”, afirmou o perito americano. Neste contexto, a Coreia do Norte ocupa um lugar “firme” na trajectória de fracassos políticos de Donald Trump. Kim Jong-un conseguiu torpedear o chefe da Casa Branca. A partir de agora o líder norte-coreano vai determinar as condições do jogo e não seguirá as regras dos outros. Desenvolveu uma forte sensação de que Trump todo o tempo deu passos atrás na situação actual e se esforça para esconder a sua miopia usando retórica agressiva.