As próximas conversações entre o presidente russo Vladimir Putin e seu homólogo turco Recep Tayyip Erdogan determinarão o futuro do acordo de grãos, disse uma fonte à Sputnik
“Há grandes esperanças em relação a estas conversações, que, em muitos aspectos, vão esclarecer o futuro [do acordo de grãos], todas as agências competentes [da Turquia] estão a trabalhar nesse sentido”, afirmou o interlocutor da agência.
Segundo ele, a Organização das Nações Unidas está a coordenar este processo e a acompanhar as negociações.
Ele expressou a esperança de que as negociações sejam construtivas e abram oportunidades para retomar o acordo de grãos. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o encontro entre Vladimir Putin e Recep Tayyip Erdogan terá lugar num futuro próximo.
A reunião deverá ser realizada na Rússia, no início de Setembro, antes da Cimeira do G20, disse uma fonte diplomática da capital turca à Sputnik.
Turquia diz não ser seguro os navios passarem por rotas alternativas
A passagem de navios por rotas alternativas ao “corredor de grãos” sem a participação da Rússia no processo não pode garantir a sua segurança, tendo Ancara notificado os países ocidentais sobre o facto, disse uma fonte envolvida nas negociações sobre o acordo de grãos à Sputnik.
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, disse anteriormente que Ancara quer retomar o acordo de grãos, estando as rotas alternativas repletas de riscos.
Ele esclareceu ainda que a solução da “equação” sem a participação da Rússia está repleta de consequências.
“O nosso objectivo é retomar a Iniciativa de Grãos do Mar Negro com a participação de todas as partes. Tem sido repetidamente afirmado ao nível oficial, incluindo em contactos com os nossos parceiros ocidentais, que a passagem de navios por rotas alternativas é arriscada e que é impossível garantir a sua segurança sem a participação da Rússia no processo.
Por conseguinte, vamos tentar fazer com que o mecanismo retome o seu trabalho, tendo todos os nossos esforços esse objectivo”, afirmou o interlocutor da agência.
O acordo de grãos expirou em 18 de Julho. A Rússia notificou a Turquia, a Ucrânia e a ONU que não pretendia dar continuidade ao acordo de grãos.
De acordo com Vladimir Putin, os termos do acordo relativo à Rússia não foram cumpridos, apesar dos esforços da ONU, porque os países ocidentais não cumpriram as suas promessas.
Putin salientou, repetidamente, que o Ocidente exportou a maior parte de grãos ucranianos para os seus próprios Estados, enquanto o principal objectivo do acordo — fornecer grãos aos países necessitados, incluindo países africanos — não foi realizado.
O Ministério da Defesa da Rússia disse, em 19 de Julho, que passará a considerar todos os navios indo em direcção a portos ucranianos, no mar Negro, como potenciais transportadores de cargas militares, com a mudança a entrar em vigor desde a meia-noite do dia 20 de Julho, no horário de Moscovo.