A direita ultraconservadora norte-americana criticou as mulheres dos Serviços Secretos encarregadas da protecção do expresidente, na sequência da tentativa de assassínio contra Donald Trump, no Sábado.
“Demasiado pequenas”, “demasiado fracas” foram alguns dos comentários sexistas dirigidos aos Serviços Secretos, entre outros que questionavam como um atirador pode ter chegado tão perto do ex-presidente norte-americano, ao mesmo tempo que punham em causa a política de recrutamento de “diversidade, igualdade e inclusividade” [DEI, em inglês].
Várias mulheres, de fatos e óculos escuros típicos dos agentes dos Serviços Secretos, correram para proteger e retirar do local o candidato Republicano, alvo de tiros num comício, no Sábado, no Estado da Pensilvânia.
“As mulheres não deviam estar nos Serviços Secretos. Estes agentes devem ser os melhores e nenhum dos melhores [na profissão] é uma mulher”, escreveu na rede social X (antigo Twitter) o comentador ultraconservador Matt Walsh.
“Não posso imaginar que uma recruta DEI oriunda da Pepsi não seja uma boa escolha para dirigir os Serviços Secretos”, acrescentou com ironia, na mesma rede, o Republicano Tim Burchett, membro da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Senado).
Burchett referia-se a Kimberly Cheatle, segunda mulher a dirigir esta agência federal e anterior responsável pela segurança na empresa PepsiCo, durante vários anos, antes de regressar aos Serviços Secretos, onde tinha trabalhado ao longo de cerca de três décadas.
Os Serviços Secretos, que abriram as portas às mulheres em 1971, visam atingir 30% de agentes femininos até 2030, noticiou no ano passado a cadeia de televisão CBS News.
“Quero garantir que atraímos candidaturas diversas e que desenvolvemos e daremos oportunidades a todos os nossos funcionários, especialmente às mulheres”, tinha então declarado Cheatle.
A direita ultraconservadora não hesitou usar esta declaração para denunciar o tipo de recrutamento. Contactados pela agência de notícias France-Presse, os Serviços Secretos não reagiram.
Os recursos humanos tentaram acelerar a diversificação das práticas de recrutamento nos Estados Unidos, na sequência do homicídio, em 2020, do afro-americano George Floyd e do subsequente movimento antirracista. Mas nos últimos meses, os conservadores intensificaram o contraataque, afirmando que estas práticas prejudicam os homens brancos.
J.D. Vance, senador do Ohio escolhido como candidato a vicepresidente por Donald Trump, apresentou, no mês passado, um projeto de lei para suprimir os programas DEI no Governo federal.
“A DEI é pura e simplesmente racismo. É tempo de a proibir no plano nacional, a começar pelo Governo federal”, escreveu, na altura, na X. Apesar de ter afirmado sentir-se seguro com os agentes dos Serviços Secretos, Biden reconheceu que a questão permanece “em aberto” quanto à antecipação pelos agentes da tentativa de homicídio de Trump.
Ao surgir em público na convenção republicana em Milwaukee, na Segunda-feira, Donald Trump estava rodeado de agentes masculinos. “É assim que se protege um presidente”, escreveu no X o comentador conservador Rogan O’Handley.