A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou, ontem, temer que mais pessoas possam começar a morrer de doenças do que de actos de guerra na Faixa de Gaza, devido à propagação de doenças infecciosas no enclave
A propagação de doenças, segundo a portavoz da OMS, Margaret Harris, pode ser rapidamente fatal para pessoas com o organismo debilitado, sobretudo crianças.
“Começaremos a ver mais pessoas a morrer de doenças do que de bombardeamentos se as necessidades mínimas de saúde não forem novamente satisfeitas”, alertou Margaret Harris.
No início das tréguas, há cinco dias, a OMS efectuou uma avaliação rápida da situação em Gaza e identificou como problemas de saúde mais graves a falta de alimentos, de água e de saneamento.
A OMS constatou também a grave falta de profissionais de saúde, com a consequente ausência de consultas médicas, bem como o amontoado de escombros à volta dos hospitais, que também têm sido utilizados pelos civis como abrigos.
Neste contexto, as doenças respiratórias e a diarreia são motivo de grande preocupação para a OMS, porque uma criança que não receba tratamento, procedimento muito simples numa situação normal, pode morrer numa questão de horas devido à desidratação.
A avaliação dos hospitais revelou uma situação geral muito crítica, também devido à falta de combustível para fazer funcionar o equipamento essencial e à falta de todos os tipos de medicamentos.
Durante os últimos dias da trégua, que termina na Quinta-feira, a OMS tem estado a entregar material médico a Gaza, em especial equipamento para tratar os feridos pelas explosões.
Israel declarou guerra ao Hamas em 07 de outubro, na sequência de um ataque do grupo islamita palestiniano que provocou a morte de cerca de 1.200 pessoas e ainda levou ao rapto de mais de 240 em comunidades israelitas próximas à Faixa de Gaza.
Desde então, as forças aéreas, navais e terrestres de Israel contra-atacaram no enclave palestiniano, onde mais de 15 mil pessoas já morreram, a maioria crianças e mulheres, segundo as autoridades da Faixa de Gaza – controlada pelo Hamas -, estimando-se que mais de 7 mil pessoas estejam desaparecidas sob os escombros.
Refém mais novo do Hamas entregue a outro grupo terrorista
Israel acusa o Hamas de se negar a libertar o seu refém mais novo. Trata-se de Kfir Bibas, um bebé de apenas 10 meses, que foi raptado juntamente com o seu irmão Ariel, de quatro anos, e a mãe Shiri, de 32 anos.
A família terá sido entregue a outro grupo terrorista palestiniano que opera em Khan Younis, no Sul de Gaza.
O porta-voz das Forças de Segurança de Israel, o coronel Avihai Adrei, afirmou que o “bebé de cabelos vermelhos” estava agora nas mãos de outra facção.
A imagem dos dois rapazes ao colo da mãe, Shiri, que chorava, enquanto eram levados de casa, foi uma das mais impressionantes publicadas nos primeiros dias da guerra entre Israel e o Hamas.
O destino de Yarden, o pai das crianças, é desconhecido, e acredita-se que esteja morto ou seja um dos cerca de 200 reféns que permanecem sob custódia do Hamas.
O anúncio da mudança da família para o Sul de Gaza surge no dia em que o Hamas libertou mais 11 reféns.
Estados Unidos enviam três aviões com ajuda para a Faixa de Gaza
Os Estados Unidos vão enviar três aviões militares para o Egipto com ajuda para os palestinianos da Faixa de Gaza a partir de hoje [ontem], anunciaram funcionários da presidência norte-americana.
O primeiro avião deveria chegar ainda ontem ao Egipto e os outros dois “nos próximos dias”, disseram as fontes oficiais, citadas pela agência francesa AFP.
Os aviões vão transportar ajuda médica e alimentar, bem como equipamento de inverno, a distribuir pelas Nações Unidas. A trégua começou na sexta-feira, 24 de Novembro, e entretanto foi prorrogada por dois dias.
Até ao início da trégua, os ataques do exército israelita na Faixa de Gaza tinham matado mais de 14 mil pessoas, segundo o Hamas.
A pausa nos combates destinase à troca de reféns do Hamas por palestinianos presos em Israel, e à entrega de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Os funcionários da Casa Branca disseram que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que se apresenta como o principal apoiante de Israel, também “liderou os esforços internacionais para responder à crise humana em Gaza”.
Uma das fontes disse que a quantidade de ajuda humanitária que chega por estrada à Faixa de Gaza aumentou, totalizando agora 2.000 camiões de alimentos.
A ajuda, que entra em Gaza via Egipto, inclui ainda combustível, medicamentos e o equipamento necessário para operar a infraestrutura de dessalinização da água do mar.
“Em pouco mais de quatro semanas, atingimos um ritmo sustentado de 240 camiões por dia”, afirmou um dos responsáveis, que a AFP não identificou. A Faixa de Gaza, com 2,3 milhões de habitantes, é controlada pelo grupo islamita palestiniano Hamas desde 2007.
Os Estados Unidos, bem como a União Europeia e Israel, consideram o Hamas uma organização terrorista.
Autoridades de Gaza pedem centenas de camiões de ajuda As autoridades da Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islamita Hamas, afirmaram hoje que a zona vive “uma catástrofe” e pediram a entrada de centenas de camiões com ajuda humanitária para que a população possa recuperar.
O director do gabinete de informação do Governo de Gaza, Islamil al Zauabta, indicou, em entrevista ao canal de televisão do Qatar al-Jazeera, que, durante 50 dias, “nem uma única gota de combustível entrou em Gaza ou na zona Norte da Faixa de Gaza”.
“As forças de ocupação querem deslocar [para Sul] os cidadãos da região e do Norte da Faixa.
A trégua mostrou a grande destruição sofrida, especialmente na Cidade de Gaza e no Norte do enclave”, afirmou, apelando à comunidade internacional para que facilite a entrada de combustível.
“A falta de combustíveis representa um grande desastre”, lembrou, sublinhando que “o sector da saúde entrou em colapso total”. São precisos “equipamentos e mecanismos de defesa civil, bem como material médico”, afirmou e referiu que o hospital al-Shifa, o maior complexo de saúde da zona, necessita de 12 mil litros de combustível por dia para funcionar correctamente. “Centenas de camiões precisam de entrar durante várias semanas.
A roda da vida parou em Gaza e estamos perante um desastre”, concluiu. Hoje, as facções palestinianas solicitaram um cessar-fogo abrangente na Faixa de Gaza e agradeceram às autoridades do Egipto e do Qatar pelo seu papel na mediação de uma trégua no conflito com Israel e da sua extensão, segundo informações do jornal palestiniano Filastin, ligado ao Hamas.
“Pedimos aos nossos irmãos do Egipto que recebam um maior número de feridos para que tenham acesso a tratamento médico. Continuamos a ver violações da trégua temporária e pedimos que sejam forçados a parar”, afirmou.
Na segunda-feira, pouco antes de expirar o pacto que entrou em vigor na manhã de sexta-feira, o Hamas, o Qatar e os Estados Unidos anunciaram que a trégua seria prorrogada por mais dois dias, durante os quais o grupo islamita libertará pelo menos 10 reféns por dia.