O maior evento do sector avícola e suinícola do Brasil, que realçava apenas a proteína animal, tornou-se agora multiproteínas, com a agregação da proteína derivada do leite, do peixe de cultivo e do ovo. O mercado de exportação não pára de crescer e a perspectiva é de que haverá um aumento do consumo dos produtos brasileiros no futuro, e mais receitas
Com uma quota de três por cento, Angola figura entre os principais destinos das exportações brasileiras de proteína animal, por via da compra de carne suína, segundo dados avançados pelo presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, durante a abertura da exposição do Salão Internacional de Aves e Suínos realizado, bianualmente, em São Paulo, Brasil.
Este percentual, referente ao período que vai de Janeiro até Junho último do ano em curso, é expresso em pouco mais de 19 mil toneladas de carne de porco adquiridas pelo mercado angolano, embora o mercado registe também carne de frango, representando uma variação positiva de 12,6 por cento em comparação com o mesmo período do ano passado, quando o mercado angolano adquiriu apenas 17 mil e 423 toneladas.
Afirmando-se cada vez mais como um dos maiores produtores de proteína animal, as estatísticas colocam o Brasil nos lugares cimeiros da exportação e consumo de proteína animal, assumindo, chegado a este estágio, a produção de alimentos como a sua ‘grande vocação’.
Com excelentes condições de pasto, abundância de água e respeito rigoroso pelas normas ambientais, o Brasil emerge no cenário internacional como um dos maiores produtores e exportadores de carne de frango, de porco e de vaca, tendo acrescentado ao cabaz de proteínas as de origem leiteira e dos ovos, assim como dos peixes de cultivo, as tilápias.
No que respeita à carne suína, o Brasil se posicionou como o quarto maior produtor mundial com 5,1 milhões de toneladas, que representou uma quota de 4,4 por cento do mercado global e, ao mesmo tempo, o colocou na quarta posição, enquanto exportador com a disponibilização para o mercado mundial de 1,2 milhões de toneladas que foram, entretanto, vendidas a 89 países, resultando na geração de uma receita de 2,8 biliões de dólares americanos, o que representou 12,5 por cento do total das exportações mundiais.
Os dados do panorama da agroindústria brasileira assinaam ainda que o Brasil produziu no ano passado 14,8 milhões de toneladas de carne de frango que teve um peso de 14,6 na produção global, tornando este país no segundo maior produtor e maior exportador do mundo.
Só no ano passado, o Brasil exportou mais de 5 milhões de toneladas para mais de 150 países do mundo, arrecadando cerca de 10 biliões de dólares norte-americanos, correspondendo este valor a 36,9 por cento das exportações globais.
O panorama da agroindústria também assinala que o Brasil produziu, no ano passado, cerca de 53 biliões de ovos, tornando-o no quinto maior produtor mundial com uma média de 1,6 mil ovos por segundo.
Desse total de ovos, mais de 25,4 mil toneladas foram exportadas para 86 países, gerando 63,2 milhões de dólares americanos de receitas. O comércio brasileiro também registou a exportação, para 71 países, de pintainhos para criação, o que rendeu aos cofres brasileiros 240 milhões de dólares americanos. O Brasil também exporta material genético.
O sucesso brasileiro na produção de proteína animal cada vez mais diversificada resulta da combinação de um conjunto de factores essenciais como os recursos naturais, a disponibilidade de grãos para a ração animal, a produção integrada com o envolvimento da pequena produção familiar na cadeia produtiva, a flexibilidade dos mercados e o investimento em tecnologias para maximizar os ganhos produtivos.
O rigoroso acompanhamento sanitário é garantido não só pelas inspecções das entidades do Ministério da Agricultura brasileiro, assim como por mais de 150 mercados importadores dos produtos da indústria agroalimentar brasileira.
Para o reforço da qualidade da produção do agroalimentar brasileiro está o rigoroso cumprimento do código de florestas da legislação ambiental que, no caso particular, visa proteger o bioma amazónico e as florestas nativas de um modo geral.
O código florestal brasileiro determina que 20 por cento da área de trabalho dever ser destinado à exploração agropecuária, devendo o restante ser reservado à conservação, evitando deste modo a desmatação.
Em cumprimento escrupuloso da legislação ambiental, Ricardo Santini assegurou que “mais de 80 por cento da produção de carne suína e de frango, está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do bioma amazónico” com sustentabilidade e optimização do consumo de água, grãos e energia em condições climáticas favoráveis.
Operando nas condições ideais, os produtores brasileiros já fazem projecções da produção de proteína animal que deverá aumentar no futuro, mesmo porque se estima um crescimento acentuado da população das grandes cidades ao redor do mundo.
As projecções indicam que os mercados emergentes serão responsáveis por 90 por cento do crescimento do consumo de proteína animal, onde se espera que a China venha a ter um consumo aproximado de 20 milhões de toneladas até 2033.
A análise numa base regional espelha que esse consumo terá um crescimento de 55 por cento na Ásia, 20 por cento na América Latina, 15 por cento em África e 10 por cento nos mercados desenvolvidos.
Já num quadro geopolítico, o BRICS pode vir a ter um consumo de 45 por cento, o BRICS+ consumirá 5 por cento mais, enquanto o BRICS+ junto com os países que manifestaram interesse em aderir ao bloco representarão 75 por cento, e, finalmente, o Ocidente terá uma quota de 10 por cento.
A ABPA é a representante das indústrias avícolas e suinícolas do Brasil, e congrega mais de 140 associados de toda a cadeia produtiva com escritórios de representação em São Paulo, Brasília, Bruxelas e Beijing. Ela representa as marcas internacionais ‘brazilian chiken’, ‘brazilian duck’, ‘brazilian pork’, ‘brazilian egg’ e ‘brazilian breeders’.
Por: Eugénio Mateus
Enviado a São Paulo, Brasil