A China afirmou, nessa Segunda-feira, (24), que respeita o “status de Estado soberano” dos países da exUnião Soviética, após as declarações polémicas do embaixador chinês na França sobre o tema.
“A China respeita o status de Estado soberano das repúblicas nascidas depois da dissolução da URSS no fim de 1991”, declarou a porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Mao Ning.
Pequim “respeita a soberania, a independência e a integridade territorial de todos os países e apoia os objectivos e princípios da Carta das Nações Unidas”, insistiu.
Na Sexta-feira, o embaixador da China na França, Lu Shaye, provocou polémica ao questionar, numa entrevista ao canal de notícias LCI, a soberania das ex-repúblicas soviéticas.
Ao ser questionado se a península da Crimeia, anexada em 2014 pela Rússia, era ucraniana, o embaixador chinês na França respondeu: “Depende de como se observa o problema. Há uma história.
A Crimeia era russa a princípio”.
Lu Shaye argumentou que os países que surgiram como nações independentes após a queda da União Soviética em 1991 “não têm um status efectivo sob o direito internacional, porque não há um acordo internacional que confirme o seu status como nações soberanas”.
Países bálticos convocam embaixadores As declarações provocaram polémica. Nesta segunda-feira, Lituânia, Letónia e Estónia convocaram os embaixadores da China para pedir explicações.
Os governos das três nações, integrantes da União Europeia (UE) e da OTAN, também desejam recordar que “foram ocupadas ilegalmente pela União Soviética”.
“Os três Estados bálticos convocarão os representantes chineses para pedir esclarecimentos, para saber se a posição da China a respeito da independência mudou”, disse o ministro das Relações Exteriores da Lituânia, Gabrielius Landsbergis.
Também recordarão a Pequim “que não somos países pós-soviéticos, mas países que foram ilegalmente ocupados pela União Soviética”, insistiu.
O ministro das Relações Exteriores da Letónia, Edgars Rinkevics, criticou no Domingo os comentários “completamente inaceitáveis”.
O seu colega estoniano, Margus Tsahkna, classificou as declarações como “falsas” e considerou que revelam uma “interpretação equivocada da História”.
“De acordo com o Direito Internacional, os Estados bálticos são soberanos desde 1918, mas foram ocupados durante 50 anos pela URSS”, afirmou.
Declarações “inaceitáveis”
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, considerou as declarações do embaixador chinês “inaceitáveis”.
“A UE só pode supor que as declarações não representam a posição oficial da China”, disse.
Pequim estabeleceu distância das declarações do embaixador. “Após o colapso da União Soviética, a China foi um dos primeiros países a restabelecer relações diplomáticas com estas nações”, disse Mao.
“Desde o estabelecimento das relações diplomáticas, a China sempre aderiu ao princípio de respeito mútuo e de igualdade para desenvolver relações bilaterais de amizade e cooperação”, acrescentou.
A diplomata chinesa culpou alguns meios de comunicação por uma interpretação equivocada da posição de Pequim sobre a Ucrânia e de “semear a discórdia nas relações entre a China e os países afectados”.
Embora Pequim afirme que é oficialmente neutra, o presidente chinês, Xi Jinping, nunca condenou a invasão russa da Ucrânia.