Várias centenas de manifestantes exi- giram, esse Sába- do, na capital do Senegal, Dakar, a realização das elei- ções presidenciais antes de 2 de Abril, data em que termi- na o mandato do actual Presidente, Macky Sall
O Senegal está mergulhado numa grave crise política desde que o chefe de Estado adiou as eleições presidenciais, inicialmente marcadas para 25 de Fevereiro.
Este adiamento, denunciado como um “golpe de Estado constitucional” pela oposição, causou a indignação na opinião pública e manifestações que já provocaram quatro mortos.
O Conselho Constitucional derrubou, finalmente, a proposta de Sall e o país tem estado desde então à espera de uma nova data para as eleições.
A pedido da “Frente de Resistência”, uma união da sociedade civil e de organizações da oposição criada na Quinta-feira, várias centenas de pessoas reuniram-se, ontem, num vasto terreno arenoso num bairro da classe trabalhadora da capital senegalesa.
Muitos deles usavam as cores do Senegal e agitavam fotos do opositor Ousmane Sonko, detido desde o final de Julho, por “apelar à insurreição”, e privado de concorrer às eleições presidenciais, depois de a sua candidatura ter sido considerada inválida.
Sonko apoia agora a eleição de Bassirou Diomaye Faye, também detido, mas cuja candidatura foi aceite. “Queremos que haja eleições antes de 2 de Abril com os 19 candidatos seleccionados pelo Conselho Constitucional e que a democracia senegalesa continue a brilhar”, explicou Assane Camara, um comerciante de 27 anos.
“Macky Sall ditador”, “Free Sonko”, gritavam os manifestantes, que repetidamente cantavam uma canção em homenagem ao opositor do Presidente, “Sonko namenaaalaa” (“Sentimos a tua falta, Sonko”, em Ouolof).
Vários responsáveis políticos que representam os candidatos às eleições dirigiram-se à multidão. “O que pedimos ao Presidente Macky Sall é que organize as eleições antes de 2 de Abril e que entregue pessoalmente as chaves do palácio ao seu sucessor, para que possamos começar a reconstruir o nosso país”, declarou Aminata Touré, antiga primeira-ministra, e membro da coligação “Presidente Bassirou”.
Um diálogo nacional, organizado no início da semana pelo Presidente e boicotado pela oposição, recomendou a organização das eleições em 2 de Junho. O chefe de Estado indicou que iria encaminhar estas recomendações “para parecer” ao Conselho Constitucional.