Pelo menos 100 mil sudaneses fugiram para o Norte do país desde o início dos combates, há duas semanas, entre o exército e o grupo paramilitar Força de Apoio Rápido, estimou, nesse Domingo, uma organização não-governamental da República Centro-Africana
A organização do Secretariado-Geral do Comité Takia indicou, num relatório publicado pelo portal centro-africano Corbeau News, que quase a totalidade dos refugiados sudaneses se encontra na cidade de Amdafock, dividida em duas partes pela fronteira entre a República Centro-Africana e o Sudão, a cerca de 230 quilómetros a Sudoeste da cidade sudanesa de Nyala, uma das mais afectadas pelos combates.
Segundo a organização não-governamental (ONG), a chegada de sudaneses à cidade disparou esta semana, aproveitando as tentativas de cessar-fogo entre o exército e os paramilitares, ao ponto de, só entre a passada Segunda e Quinta-feiras, terem chegado 63.240 sudaneses.
Esta semana, as Nações Unidas manifestaram o receio de que pelo menos 200 mil sudaneses pudessem fugir do país perante o arrastar do conflito.
O Tchad, que faz fronteira com Darfur, outra das regiões mais afectadas, recebeu em pouco mais de uma semana mais de 20 mil refugiados, aos quais a agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR) já começou a prestar uma primeira assistência, uma vez que dormem ao relento e não têm acesso aos serviços básicos.
Com base nas tendências actuais, a agência prevê que haverá mais de 100 mil novos refugiados no Tchad, um país que já acolhia mais de 400 mil sudaneses antes da escalada da violência.
A ONU começou a deslocar as famílias que chegaram nos últimos dias para um campo de refugiados e está à procura de um novo local para outro enclave. Pelo menos 528 pessoas morreram e quase 4.600 ficaram feridas devido aos confrontos que se iniciaram no passado dia 15 de Abril no Sudão entre o Exército e o grupo paramilitar Força de Apoio Rápido.
Ambas as forças estiveram por detrás do golpe de Estado que derrubou o governo de transição do Sudão, em Outubro de 2021.
Os recentes combates, que levaram à fuga de milhares de sudaneses para os Estados vizinhos do Egipto, Etiópia, Tchad e Sudão do Sul, e à retirada de estrangeiros, seguiram-se a semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo Governo de transição.