Marfrig e BRF são termos que nada dizem a um leitor pouco informado acerca do que se trata. Se se pensar nos famosos hambúrgueres, pode estabelecer-se, com total confiança, uma relação profunda com a continuidade do serviço desse alimento pelo mundo, pois as duas empresas são as maiores fornecedoras de bifes para confeccionar este alimento muito apreciado no mundo
Os números da produção das duas detentoras de marcas comerciais de proteína animal brasileira impressionam bastante, assumindo posição de liderança do mercado global, em determinados itens, como a produção de bife para hambúrgueres em que são líderes absolutos do mercado com uma disponibilização de 247 milhões toneladas anuais, assumindo a segunda posição na produção de bife comum.
Os dados do ranking mundial atribuem mais de 350 mil clientes, em todo o mundo, a quem entrega, aproximadamente, 10 por cento da sua produção de frangos. Tratando-se de diferenciar mercados específicos, Marfrig e BRF lideram as exportações de frango para o Médio Oriente e para o Japão.
Considerando o volume de negócio e a demanda do mercado, as duas empresas viram-se forçadas a expandir as capacidades para junto desses mercados de consumo, criando uma ampla capacidade logística e de distribuição nesses dois importantes mercados.
O quadro global de produção de multiproteínas coloca a Marfrig e a BRF em quatro continentes com escritórios de representação, de comércio, fábricas e centros de distribuição em países como EUA, China, Rússia, Reino, África do Sul, Argentina, Vietname, entre outros.
Para a compreensão do caminho que separa a produção na Fazenda até â mesa do consumidor é requerido entender que tudo se passa numa plataforma totalmente integrada globalmente, na qual são produzidos todos os insumos necessários à criação dos animais, com realce para a produção agrícola de suporte alimentar dos animais.
Assim, segundos dados disponibilizados pela Marfrig e BRF, as fazendas consomem 100 por cento do milho e da soja entregues directamente ao destinatário com os quais são produzidas mais de 9 mil toneladas de ração animal em 24 fábricas no Brasil.
A cadeia integra ainda aproximadamente 9500 produtores integrados, responsáveis pela criação dos animais, obedecendo ao programa de bem-estar animal da BRF.
Segue-se uma moderna plataforma estrategicamente localizada próximo das regiões maiores produtoras de grãos e mercados de consumo do Brasil, a que se junta 44 instalações industriais que produzem mais de 5 milhões de toneladas de alimentos ao redor do mundo.
Mensalmente, são feitas mais de 500 mil entregas combinadas com a exportação de cerca de 60 mil contentores de mercadorias para mais de 120 países, servindo mais de 350 milhões de clientes . As duas empresas têm cerca de 100 mil funcionários em todo o mundo.
Produtores integrados
Na cadeia de produção, os produtores integrados são responsáveis pela criação dos animais em obediência às normas do programa de bem-estar animal da BRF, em implementação desde 1960.
A responsabilidade da BRF passa por fornecer aos criadores os animais, alimentos, assistência técnica, transporte e todos os inputes necessários, acabando essas contribuições por impactar directamente na melhoria do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em diferentes regiões.
Papel da tecnologia
Para maximizar resultados e garantir qualidade do produto foram criados o aplicativo ‘AgroBRF’ que tem mais de 9 mil produtores agrícolas integrados no Brasil e na Turquia; a plataforma ‘NextBRF App’ com 100% dos extensionistas rurais conectados; o modelo preditivo ‘Mercadorias 4.0’ que se baseia em inteligência de mercado para a compra de grãos e o senso agrário que registou, em 2023, 102 fazendas e 53 produtores agrícolas integrados.
Capacidade de abate animal
Diariamente são abatidas 27 mil cabeças de gado bovino, 40 mil cabeças de suínos e 6 milhões de frangos, representando esta cifra, produzida pela BRF, 14 por cento da necessidade mundial. Já a Marfrig é o maior produtor mundial de carne para hambúrgueres.
Plataforma de sustentabilidade
A continuidade do negócio é garantida pela não exploração até à exaustão dos recursos disponíveis. Por isso, foram definidos procedimentos de controlo na origem, gestão da cadeia de suprimentos, assim como monitoramento e rastreabilidade, garantes de um agro-negócio de baixo carbono e eficiência operacional.
O estabelecimento de um protocolo global de bem-estar animal torna as duas empresas bem cotadas no ranking mundial, em conjunto com outras políticas não menos importantes que aportam bons resultados.
No quesito do controlo na origem e gestão da cadeia de abastecimento, BRF e Marfrig garantem 100 por cento de rastreio directo dos fornecedores de gado bovino; rastreio indirecto de 85 por cento dos criadores da Amazónia e 71 por cento dos fornecedores do Cerrado brasileiro.
No domínio do clima, assinalase a redução absoluta de 2,15 por cento das emissões de carbono (cerca de 2,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono); quanto ao bem-estar animal, 100 por cento dos matadouros brasileiros foram certificados,além de outros ganhos para a sustentabilidade.
Todas essas conquistas têm uma história que remonta ao ano de 1934, com a fundação da Perdigão e dez anos mais tarde surge no mercado a Sadia que cria várias marcas de produtos na década de 90 do século passado.
Desde então, o processo seguiu em frente com a fundação da Marfrig em 2000, passando pela criação da primeira fábrica do Médio Oriente, em 2013, seguindo a abertura do Centro de Inovaçao de Jundiaí, em São Paulo, em 2014.
Em 2017, ocorrreu a aquisição de operações na Turquia pela Branvit. Em sequência, o grupo adquiriu a fábrica de processamento da Dammam, na Arábia Saudita, há três anos. Logo, muitas marcas de produtos animais que povoam o mercado mundial têm DNA brasileiro.
Por: Eugénio Mateus
Enviado a São Paulo, Brasil