Em declarações à chegada à reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros do G7, que decorre até Sexta-feira na ilha italiana de Capri, no Golfo de Nápoles, Josep Borrell comentou que “é um sítio muito bonito, mas infelizmente o mundo não é assim”, e abordou alguns conflitos no mundo que estarão na agenda dos chefes de diplomacia do grupo formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido, mais a União Europeia.
Relativamente ao Médio Oriente, e na sequência do ataque lançado no passado fim-de-semana pelo Irão contra Israel, o Alto Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa e de Segurança insistiu que é necessário evitar “uma escalada”, alertando que “estamos à beira de uma guerra regional no Médio Oriente”, que teria fortes repercussões no resto do globo, designadamente na Europa.
“Por isso, parem”, exortou. Relativamente a sanções contra Teerão, um dos principais assuntos sobre a mesa, notou que, desde Julho de 2023, “já há um regime de sanções para impedir as exportações de componentes para a produção de drones e mísseis pelo Irão” e defendeu que aquilo que é necessário é “revê-lo, para o alargar e torná-lo mais eficaz”.
Borrell lembrou que há “um outro regime de sanções ao Irão por fornecer drones (aeronaves sem tripulação) à Rússia” e assinalou que, neste caso, o mesmo também pode ser expandido para abranger a disponibilização de drones não só a Moscovo mas também a ‘proxies’ (agentes sob influência) do Irão no Médio Oriente.
Também à chegada à reunião, a ministra alemã dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, defendeu que o G7 deve mostrar “uma reacção” após o ataque “sem precedentes” do Irão contra Israel, designadamente a adopção de “medidas adicionais” aos regimes de sanções já vigentes, mas insistindo igualmente na necessidade de se evitar uma “escalada”.
O chefe da diplomacia europeia alertou, contudo, que o conflito entre Israel e Irão não pode desviar as atenções “do que está a acontecer em Gaza”, pois “o epicentro do drama ainda é lá, e é aí que as atenções devem estar focadas”.
Josep Borrell defendeu que o Ocidente deve continuar a fazer pressão sobre Israel para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza e a não avançar com a planeada ofensiva terrestre em Rafah, no Sul da Faixa, onde se encontram “1,7 milhão de palestinianos nas ruas, sem terem para onde escapar”, o que significa que tal ofensiva “obviamente que resultaria numa catástrofe humanitária”.
O Irão lançou na noite de Sábado e madrugada de Domingo um ataque contra Israel, com recurso a mais de 300 ‘drones’ (aparelhos aéreos não tripulados), mísseis de cruzeiro e balísticos, a grande maioria interceptados, segundo o Exército israelita.
Teerão justificou o ataque com uma medida de autodefesa, argumentando que a acção militar foi uma resposta “à agressão do regime sionista” contra as instalações diplomáticas iranianas em Damasco (Síria), ocorrida a 01 de Abril e marcada pela morte de sete membros da Guarda Revolucionária e seis cidadãos sírios.
A comunidade internacional ocidental condenou veementemente o ataque do Irão a Israel, apelando à máxima contenção, de forma a evitar uma escalada da violência no Médio Oriente, região já fortemente instável devido à guerra em curso há mais de seis meses entre Israel e o grupo islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.