O presidente norte-americano Joe Biden vai assinalar um ano de invasão da Ucrânia com uma visita à Polónia de 20 a 22 de Fevereiro, uma deslocação com forte simbolismo que inclui um encontro com o presidente polaco Andrzej Duda.
“Isto é o líder do mundo livre e do exército mais caro do mundo, o aliado ocidental que tem dado mais auxílio com o envio de suporte militar, a mostrar o seu apoio”, disse à Lusa o cientista político Everett Vieira III.
“É um gesto simbólico importante, em que o presidente não se limita a ligar para lá e desloca-se ao terreno”, disse o analista.
“O timing faz sentido”.
Na agenda da deslocação está um encontro entre o presidente norte-americano e os líderes dos países do grupo conhecido como “Bucareste 9”: Bulgária, República Checa, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia, Roménia e Eslováquia.
“Os países do grupo Bucareste 9 são todos membros da NATO no seu flanco Leste e são exmembros da União Soviética ou do Pacto de Varsóvia”, apontou Everett Vieira III.
“É uma boa demonstração de simbolismo e de unidade”.
Biden discursará nas arcadas do histórico Castelo Real de Varsóvia, que dista cerca de 800 quilómetros da capital ucraniana Kiev, pelas 17h30 locais de Terça-feira, 21 de Fevereiro.
O jornal Quartz sublinha que esta é a mesma data em que o presidente russo Vladimir Putin irá fazer o seu discurso do Estado da Nação, no qual pode ser anunciada uma nova ofensiva contra a Ucrânia.
De acordo com o coordenador de comunicação estratégica do Conselho Nacional de Segurança, John Kirby, Biden vai falar da importância do compromisso da comunidade internacional no apoio à Ucrânia.
Citado pela CNN, o responsável disse que o foco será passar uma mensagem de continuidade.
“A guerra dura há um ano e estamos no Inverno, uma altura difícil para os ucranianos e também para os soldados russos”, sublinhou Everett Vieira.
O conflito “vai demorar algum tempo” e será uma guerra de atrito, como disse, recentemente, o general Mark Milley, presidente do Estado-Maior Conjunto.
“Por isso, Biden vai dizer que os Estados Unidos estão aqui para dar apoio”, antecipou o cientista político, traçando uma linha clara que o diferencia da administração de Trump e a sua postura anti-NATO.
“Biden disse, desde o primeiro dia, que a NATO e as instituições internacionais são importantes”, afirmou o cientista político.
“Ele tem demonstrado isso nos últimos dois anos”, continuou. “Esta viagem reforça a ideia de que as instituições internacionais são importantes e os Estados Unidos vão alinhar o que pagam com o que dizem”.
É possível, por isso, que Biden use o seu discurso para anunciar mais ajudas.
“Suponho que se ele se vai deslocar até lá não é só para dar uns apertos de mão e posar para fotografias”, considerou Vieira.
“Imagino que haverá algum anúncio, seja de fundos extra que serão enviados ou mais armamento”. O momento é crítico, agora que os Democratas já não têm controlo completo do Congresso.
O Washington Post realçou que a visita acontece numa altura em que cresce a oposição do Partido Republicano ao envio de ajuda, uma pressão que está a enfraquecer o apoio da opinião pública.
A viagem de Biden é precedida pela ida da vice-presidente Kamala Harris à conferência de segurança de Munique, uma das deslocações mais importantes do seu mandato.