“Esta é uma oportunidade para apelar a Israel para ter consideração, parar com estas ações e libertar o nosso dinheiro imediatamente”, disse Mustafá, numa declaração antes de uma reunião ministerial de parceiros internacionais sobre a Palestina, organizada ontem em Bruxelas pelo chefe da diplomacia europeia Josep Borrell e presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês Espen Barth Eide.
O primeiro-ministro palestiniano denunciou a “pressão crescente” sobre as finanças da ANP nos últimos meses “devido às decisões do governo israelita de reter recursos que são importantes” para que o governo palestiniano, que controla a Cisjordânia ocupada de forma fragmentada, possa “continuar a prestar serviços” aos seus cidadãos.
“Não queremos que ninguém, incluindo Israel, prejudique os nossos esforços”, disse Mustafa, argumentando que o dinheiro congelado é fundamental para que o seu governo possa reformar as suas instituições, ajudar os civis em Gaza e “manter os esforços para a criação de um Estado e para a paz na região”.
Após o início da guerra em Gaza, Israel bloqueou os fundos que recolhe em nome da ANP, deixando a ANP, que governa pequenas zonas da Cisjordânia, quase sem poder pagar aos seus funcionários, cerca de 150 mil pessoas, um problema que já tinha antes do conflito e que agora se agrava e deprime ainda mais o sector público.
O primeiro-ministro palestiniano disse ontem em Bruxelas que o seu objectivo é “estabilizar a situação financeira e económica” na Palestina, uma tarefa que já é complicada, denunciou Mustafa, pela ocupação militar e pelas restrições de circulação e acesso que Israel impõe na Cisjordânia ocupada.
Apesar desta situação, com a guerra de Gaza em curso, o líder palestiniano afirmou que a principal prioridade do seu governo é apoiar a população civil no enclave, e disse que a melhor forma de o fazer é “acelerar a implementação de um cessar-fogo”.
“Cada dia que passa representa uma grande perda de vidas e de esperança para o nosso povo. Queremos que o cessar-fogo aconteça muito rapidamente e queremos estar preparados, enquanto governo, para fazer o trabalho necessário de cuidar do nosso povo”, afirmou.
Mustafa afirmou que, em primeiro lugar, deveriam prestar ajuda humanitária para restabelecer os serviços básicos em Gaza e, em seguida, “reconstruir as instituições da ANP” na Faixa de Gaza, actualmente controlada pelo movimento islamita Hamas, para “as reintegrar nas instituições da Cisjordânia e começar a tomar as medidas necessárias para a recuperação económica”.
A reunião ministerial de ontem em Bruxelas, na qual Mustafa participa com parceiros internacionais, representa, segundo a Comissão Europeia, “uma oportunidade para trocar planos e prioridades da ANP e discutir a melhor forma de a comunidade internacional apoiar a agenda de reformas do novo governo e o reforço das instituições palestinianas”.