“Asituação aqui no Sudão é catastrófica. Simplesmente não há outra forma de o dizer. A fome, a doença e a violência sexual são galopantes. Para o povo do Sudão, isto é um pesadelo”, disse a directora-geral da OIM, Amy Pope, num comunicado.
Pope, que iniciou, na Segundafeira, uma visita de quatro dias ao país, acrescentou que a situação de conflito do Sudão é pouco relatada e “existe um sério potencial para o conflito alimentar a instabilidade regional, tanto no Sahel como no Corno de África e na costa do Mar Vermelho”, zonas também afectadas pela violência de grupos armados.
Num comunicado, a responsável refere-se, ainda, às palavras do secretário-geral da ONU, António Guterres, que chamou, na Segunda-feira, a atenção para este sofrimento, apelidando-o de “catástrofe humanitária total”. Passaram 18 meses desde o início dos combates entre as Forças Armadas sudanesas e as Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
Segundo o comunicado, “as forças externas estão agora a ‘alimentar o fogo’ que está a intensificar o conflito”. “O sofrimento está a aumentar de dia para dia, com o secretário-geral das Nações Unidas a informar, na Segunda-feira, que quase 25 milhões de pessoas estão agora a precisar de assistência”, destacase na informação.
O actual conflito, que obrigou mais pessoas a fugirem das suas casas do que qualquer outro no mundo, tem, segundo a OIM, números alarmantes. Mais de metade dos deslocados são mulheres e um quarto são crianças com menos de cinco anos, sublinhou Pope, que alertou ainda para situações já próximas da fome em regiões particularmente afectadas pelo conflito, como o Darfur, no Oeste do país, e o vizinho Chade.
A directora-geral da OIM denunciou que as restrições e os impedimentos burocráticos criados pelas partes em conflito (exército e paramilitares) continuam a dificultar a chegada de assistência a muitas populações necessitadas.
“É, possivelmente, a crise mais negligenciada no mundo de hoje, e o facto de não a enfrentarmos pode significar o seu alastramento às nações vizinhas”, reiterou Pope.
A responsável da OIM sublinhou que em Abril passado, numa conferência de doadores em Paris, foram assumidos compromissos importantes para ajudar o Sudão, mas sublinhou a verba recebida foi pouco mais de metade do dinheiro pedido.
“Com o financiamento adequado, há muito que podemos fazer para aliviar o sofrimento, para ajudar as pessoas a obter abrigo e saneamento adequado, para as alimentar e proteger”, disse Pope. De forma conclusiva lê-se, no comunicado da OIM, que “todas as guerras são brutais, mas o balanço desta é particularmente horrível”.