A ONU já considerou que a asfixia com gás nitrogénio é “tortura”. Veterinários recusam usar técnica com a maioria dos animais
Kenneth Smith, um homem de 58 anos, condenado a pena de morte no Alabama, EUA, será executado, na Quinta-feira, dia 25 de Janeiro, por um método inédito, depois de ter sobrevivido à injecção letal.
O criminoso, que matou uma mulher em Março de 1998 a mando do marido desta, será assim a primeira pessoa nos EUA a ser executada por inalação de nitrogénio, algo que o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos comparou a tortura.
Em declarações ao The Guardian, Kenneth Smith, que foi transferido, ontem, para a “cela da morte” do Estabelecimento Prisional de Holman, no Alabama, admitiu que não consegue dormir por ter “pesadelos” com a execução.
“Eu sonho que eles vêm-me buscar”, revelou, acrescentando que está “absolutamente apavorado” e que está “ansioso” e “enjoado” desde que soube a data em que vão tentar executá-lo pela segunda vez.
Após a execução fracassada de Novembro de 2022, Kenneth foi diagnosticado com transtorno de stress pós-traumático. De dentro da cela para onde foi, ontem, despediu-se da mãe e do neto e fez a sua (suposta) última refeição.
Depois, na câmara da morte, passou quatro horas, enquanto os funcionários da prisão tentavam, sem sucesso, encontrar uma veia para lhe dar a injecção letal. Até de cabeça para baixo o meteram para encontrar um acesso intravenoso.
Quando as autoridades cancelaram a execução por não a conseguir realizar, conta o The Guardian, o corpo do norte-americano “já estava todo picado”.
Em toda a história dos EUA, apenas duas pessoas sobreviveram à injecção letal e Kenneth é um deles. Só que isso não o livrou da pena capital.
Agora, 14 meses depois da primeira tentativa, terá de passar por tudo novamente. Só que desta vez para ser executado por este método não testado, de inalação por nitrogénio, que nunca foi usado anteriormente nos EUA.
Mais. Recorda o The Guardian que a técnica foi até rejeitada, por motivos éticos, pelos veterinários norte-americanos na eutanásia da maioria dos animais, excepto porcos.
Ao jornal britânico, Kenneth admitiu que não está preparado “para isso”. “De jeito nenhum. Não estou pronto, irmão”, salientou, acrescentando que se uma vítima de abuso fosse forçada pelo agressor a regressar ao ambiente hostil que a traumatizou este seria visto como um “monstro”.
“Mas quando o Governo faz isso é outra coisa”, concluiu.