De acordo com o Financial Times (FT), Israel enfrentou ampla condenação internacional nessa segunda-feira (27), depois que pelo menos 35 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas num campo para civis deslocados em Rafah após um ataque aéreo israelita, de acordo com as autoridades de Gaza.
O procurador militar de Israel descreveu os acontecimentos como “muito difíceis”, acrescentando que Israel estava a investigar o incidente e lamentou “qualquer dano a civis não envolvidos” uma vez que os militares israelitas tinham como alvo um “complexo do Hamas” na área.
Apenas dois dias depois de a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ter ordenado a Israel que “suspendesse imediatamente” a sua ofensiva na cidade do Sul de Gaza, o ataque israelita tornou a operação em Rafah ainda mais inviável do ponto de vista político.
O presidente francês, Emmanuel Macron, foi um dos primeiros líderes europeus a se manifestar publicamente na sua conta no X (anteriormente Twitter),dizendo estar “indignado com os ataques israelitas que mataram muitas pessoas deslocadas em Rafah”, chamando a atenção para a necessidade de se interromper as operações.
O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, disse a um canal de televisão que “o povo palestiniano está a ser espremido sem levar em conta os direitos de homens, mulheres e crianças inocentes que nada têm a ver com o Hamas”. Para além da Europa, as nações árabes, incluindo o Egipto, o Qatar e a Arábia Saudita, também condenaram o ataque.
Segundo o Qatar, ataques como esse dificultam as tentativas de media um acordo para um cessar-fogo e a libertação de reféns israelitas ainda detidos pelo Hamas em Gaza. O Egipto foi além e acusou Israel de “mirar civis desarmados”, descrevendo o ataque como uma “violação flagrante” do direito humanitário internacional.
A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos no Oriente Médio (UNRWA, sigla em inglês) disse que houve “relatos de vítimas em massa, incluindo crianças e mulheres entre os mortos” no incidente “horrível”.
“Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso”, afirmou. De acordo com autoridades palestinianas, o ataque de Israel a Gaza já matou 36 mil pessoas, deslocou 1,7 milhão dos seus 2,3 milhões de cidadãos e reduziu a maior parte do enclave a escombros inabitáveis.
Israel lançou a sua ofensiva em resposta ao ataque do Hamas a Israel, em 7 de Outubro, no qual militantes mataram 1.200 pessoas e fizeram cerca de 250 reféns, segundo autoridades israelenses.