Presidente chinês poderá visitar a capital russa já para a semana, mas também estará a equacionar falar pela primeira vez com o presidente ucraniano. Pequim quer ter uma maior intervenção no palco internacional, considerando que isso trará “energia positiva para a paz”.
O presidente chinês, Xijinping, que quer que pequim tenha um papel mais importante na cena internacional, poderá encontrar-se com o homólogo russo, Vladimir Putin, já na próxima semana em Moscovo.
Mas a visita que o Kremlin vê como o reforço dos laços entre os dois países, uma parceria “sem limites” que causa desconfiança no Ocidente, poderá não ser uma vitória total para os russos.
É que, segundo as fontes do Wall Street Journal, depois o líder chinês estará a equacionar falar pela primeira vez desde o início da guerra com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
No mês passado, quando recebeu um dos principais diplomatas chineses, Putin revelou que esperava Xi Jinping em Moscovo.
Mas, na altura, apontou-se para Abril ou Maio.
A viagem ainda não está confirmada, mas fontes disseram à Reuters que afinal poderá realizar-se já na próxima semana, mais cedo do que o previsto e numa altura em que o presidente acaba de ser reeleito para um terceiro mandato histórico à frente da China.
A visita surge também depois de Pequim ter tido uma importante vitória no palco diplomático internacional, tendo mediado um acordo entre o Irão e a Arábia Saudita para o reatar das relações – suspensas há sete anos e reabertura das embaixadas.
Um acordo que foi anunciado de surpresa na sexta-feira, após quatro dias de negociações, e que poderá ter impacto em todo o Médio Oriente.
Os iranianos, de maioria xiita, e os sauditas, de maioria sunita, surgem em lados opostos de vários conflitos – como no Iémen ou na Síria.
A intervenção da China, que mostra que já não recorre apenas a ferramentas económicas para provar a sua influência, deixa também a descoberto o facto de os EUA terem vindo a perder margem de manobra na região.
No caso da Ucrânia, a China alega a sua neutralidade no conflito, não tendo condenado a invasão russa ou alinhado com as sanções, e reiterado os apelos a uma solução pacífica.
Mas o seu apoio a Moscovo tem sido uma das tábuas de salvação económica para os russos.
E, numa altura em que Pequim prometia apresentar um “plano de paz” para o conflito, os norte-americanos denunciaram que estaria a estudar enviar armas para os aliados russos algo que a China rejeita estar a pensar fazer.
No dia do primeiro aniversário da invasão, Pequim divulgou um documento de 12 pontos a que chamou “acordo político para a crise ucraniana”.
Entre outros aspectos, apela a Moscovo e Kiev para que retomem as negociações de paz, defende o respeito pela soberania de todos os países, pede que seja abandonada a mentalidade da Guerra Fria e insiste no fim das hostilidades.
Reitera a oposição ao uso de armas nucleares e defende o fim das sanções unilaterais.
O “plano de paz” foi criticado por muitos no Ocidente, considerando que coloca no mesmo plano o “agressor” e o “agredido”.
Contudo, não foi totalmente rejeitado pelos ucranianos, com Zelensky, que se tem mostrado disponível para falar com Xi, a defender que era positivo a China falar da Ucrânia.
Em Moscovo, a visita do presidente chinês ainda não foi confirmada, mas o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse ontem que as relações entre os dois países são importantes para a estabilidade global.
“As relações bilaterais entre os nossos países atingiram um novo nível sem precedentes e tornaram-se num factor principal de apoio à estabilidade global diante de tensões geopolíticas crescentes no mundo”, terá escrito Shoigu, segundo a agência Tass, num telegrama a um responsável militar chinês, próximo de Xi Jinping.