Um membro do antigo Governo de Omar al-Bashir, acusado de crimes contra a humanidade, anunciou que fugiu da prisão com antigos colaboradores, aumentando receios de uma nova agitação, quando o cessar-fogo mediado pelos EUA continua frágil
Ahmed Haroun estava detido na prisão de Kober, na capital, Cartum, juntamente com outros altos funcionários do antigo governo, em particular Omar al-Bashir, deposto em 2019 e objecto de um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional (TPI) por “crimes contra a humanidade” e “genocídio” no Darfur, Oeste do Sudão.
Num discurso gravado na televisão sudanesa na Terça-feira à noite, Haroun, que também é procurado pelo TPI, disse que os antigos funcionários do governo de Al-Bashir já não estavam detidos.
“Permanecemos detidos em Kober durante nove dias (…) e somos agora responsáveis pela nossa protecção” noutro local, afirmou.
O cessar-fogo de 72 horas no Sudão, que entrou em vigor na Terça-feira, está a ser parcialmente respeitado e hoje prosseguiu a transferência de estrangeiros e civis em fuga do país.
Os combates duram há 12 dias entre o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF), do general Mohamed Hamdane Daglo, e as forças armadas, chefiadas pelo líder de facto do Sudão, Abdel Fattah al-Burhane, dois generais que organizaram o golpe de Estado em Outubro de 2021 e que estão agora envolvidos numa guerra pelo poder.
O exército sudanês declarou hoje que Al-Bashir, no poder há 30 anos, estava “ainda num hospital sob a custódia da polícia judiciária”.
Em 2003, eclodiu um conflito entre Cartum e membros de minorias étnicas não árabes.
Segundo a ONU, o conflito causou cerca de 300.000 mortos e 2,5 milhões de deslocados.