O Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul, considerou, ontem, “corajosa” a decisão de expulsar, no Sábado, uma diplomata israelita da cimeira da União Africana (UA), que decorre em Adis Abeba.
Num comunicado, ontem divulgado, o ANC comparou Israel a um “Estado de apartheid” e deu um claro apoio à expulsão, argumentando que a decisão visou contrariar uma “tentativa de impedir a cimeira da União Africana (UA) de examinar um relatório sobre a manutenção ou não do estatuto de observador de Israel”.
A sub-diretora geral do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel para a África, Sharon BarLi, foi escoltada, no Sábado, para fora do complexo onde decorria a cimeira, tendo um vídeo divulgado pela imprensa local mostrado que a delegada israelita passou vários minutos a discutir com os guardas.
A decisão indignou Israel, que considerou a expulsão como “um acto grave”, do qual acusou o Irão em cumplicidade com a África do Sul e a Argélia.
Israel tem de “provar as suas acusações”, respondeu, no Sábado, o porta-voz da Presidência sulafricana.
A questão é delicada dentro da UA: na última cimeira, realizada no ano passado, o bloco de 55 países não conseguiu concluir as discussões sobre a controversa acreditação de Israel como país observador, tendo a Argélia e a África do Sul sido os países que mais se opuseram à situação.
Segundo a porta-voz do presidente da Comissão da UA, Ebba Kalondo, a diplomata israelita expulsa não foi convidada pessoalmente para a cimeira. Sharon Bar-Li “tinha acreditação válida como observadora”, garantiu, no entanto, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita, citado pela agência de notícias AFP, lamentando que a UA seja “refém de um pequeno número de Estados extremistas, como a Argélia e a África do Sul, motivados por ódio e controlados pelo Irão”.
Israel ganhou o estatuto de observador da UA, em 2021, depois de décadas de esforços diplomáticos, o que provocou protestos de vários membros do bloco de 55 países que alegam que isso contradiz o princípio da UA de apoiar os palestinianos.
A Autoridade Palestiniana pediu repetidamente aos líderes africanos que retirem a acreditação de Israel na UA, denunciando um “regime de apartheid” nos territórios palestinianos ocupados desde 1967.