Os primeiros relatos começaram no final da semana passada. Primeiras indicações davam conta de que a Coreia do Norte enviara o seu primeiro contingente de 1.500 soldados das forças especiais para Vladivostok, no extremo oriente russo, e enviaria mais num futuro próximo.
O Serviço Nacional de Informações da Coreia do Sul (NIS) garantia que Pyongyang pretendia enviar cerca de 12 mil soldados para a Ucrânia e que 1.500 já tinham sido transferidos na semana passada para instalações militares russas nas regiões de Primorye, Khabarovsk e Amur, no Extremo Oriente.
O secretário-geral da NATO viria mais tarde a afirmar que não podia confirmar a presença de militares norte-coreanos, incluindo das forças especiais, a caminho da Rússia para combater na Ucrânia, apesar da confirmação de Seul.
“Neste momento não podemos confirmar as informações de que há militares da Coreia do Norte a combater activamente na Rússia ou a caminho”, disse Mark Rutte, à medida que começavam a ser partilhadas imagens que serviam para comprovar as alegações iniciais.
Os rumores (e preocupações) adensam-se esta segunda-feira após a Coreia do Sul ter convocado o embaixador russo em Seul para manifestar descontentamento com a decisão de Pyongyang de enviar milhares de soldados para apoiar Moscovo na guerra com a Ucrânia, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Kim Hong-kyun, expressou, em comunicado, as “graves preocupações” de Seul sobre o recente envio de tropas norte-coreanas para a Rússia e exigiu firmemente a retirada imediata das forças norte-coreanas e a cessação da cooperação nesta área.
Em resposta, a embaixada russa em Seul, garantiu que a aliança entre Moscovo e Pyongyang “não é dirigida” contra a Coreia do Sul, depois de o embaixador ter sido convocado devido ao envio de tropas norte-coreanas para a Rússia.
Nesta senda, também a NATO mudou de discurso, alertando que “o envio de tropas pela Coreia do Norte para combater com a Rússia na Ucrânia marcaria uma escalada significativa” na guerra.
“Conversei com o Presidente sul-coreano [Yoon Suk Yeol] sobre a estreita parceria entre a NATO e Seul, a cooperação da indústria da defesa e a segurança interligada das [regiões] Euro-atlântica e Indo-Pacífico”, afirmou Rutte, na sua conta do X.
Os serviços secretos sul-coreanos “detectaram, entre 08 e 13 (de Outubro), que a Coreia do Norte transportou as suas forças especiais para a Rússia num navio de transporte da Marinha russa, confirmando o início do envolvimento militar da Coreia do Norte” nos esforços de guerra russos na Ucrânia, indicaram num comunicado, composto também por imagens de satélite detalhadas.
O gabinete da presidência sul-coreana sublinhou que o crescente apoio de Pyongyang à guerra de Moscovo na Ucrânia vai “além da transferência de equipamento militar”.
Este apoio “traduz-se no envio de tropas” e representa “uma ameaça significativa à segurança não só do nosso país, mas também da comunidade internacional”, alertou.
Recorde-se que o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, advertiu, na quinta-feira em Bruxelas, que cerca de 10.000 soldados norte-coreanos estavam a ser destacados para o território ucraniano ocupado pela Rússia, e preparados para lutar, tendo afirmado que isso constitui “mais um passo em direção a uma guerra mundial”.