Tiroteios constantes, assaltos à mão armada, roubos, estupros, agressões físicas, lutas de grupos rivais, mortes e rixas é o ambiente que se vive em alguns bairros de Luanda cercados pelo crime. Devido ao clima de insegurança, muitos moradores são forçados a abandonar as suas casas, como constatou a reportagem de OPAIS. A Policia diz ter conhecimento e que vem trabalhando para a neutralização da delinquência nesses bairros, maior parte deles adstritos aos municípios de Cacuaco, Viana, Cazenga e Belas
Ao ver o carro de reportagem de OPAIS, que fazia um périplo pelo seu bairro, Belo Monte, Antónia Guilherme solta-se para falar do quão difícil é viver nesta parcela considerada como uma das zonas mais críticas de Luanda quanto à criminalidade. Farta de ser constantemente importunada pela onda de crimes, Antónia diz que só continua a viver aí, 18 anos depois, porque não tem aonde morar. “Se tivesse um outro sítio para morar, mano, eu devia ir. Aqui há muitos bandidos. Mas nós somos pobres, não temos mais aonde se meter”, lamentou.
Entretanto, das contas feitas, a senhora, de 48 anos de idade, diz já ter sido vítima das mãos pesadas dos homens do alheio por várias vezes. Dos assaltos que sofreu e dos bens que perdeu para a o crime, Antónia Guilherme contabiliza telefones, dinheiro, negócios, roupas, aparelhos domésticos e até a panela com comida do jantar que estava no fogareiro que não foi poupada pelos criminosos, muitos dos quais jovens do bairro que ela diz ter visto a nascer e a crescer.
“Mas a noite, quando se transformam, ficam irreconhecíveis. Eles roubam tudo. Até a minha panela de kizaca que deixei no fogo levaram. Tivemos de ficar sem jantar. Aqui, no Belo Monte, está muito mal mesmo”, desabafou.
Difícil realidade
Teca José é outra moradora que diz que de belo, como foi apelidado o bairro, o Belo Monte não tem nada, senão tristeza e lamentações diárias fruto da constante onda de violência. Conta que viver nesta circunscrição é preciso coragem e determinação porque a maioria das famílias são desfavorecidas e não têm um outro refúgio.
Refere que tiroteios, assaltos à mão armada, roubos na via pública e nas residências, violações sexuais, agressões físicas, lutas de grupos rivais, mortes e retaliações é o ambiente que se vive no Belo Monte, o que faz com que a maioria dos moradores não respire tranquilidade. “Aqui não temos paz, nem um pouco. Todos os dias é assalto, roubos ou mortes. É muito duro viver nestas condições”, deplorou a moradora.