O jovem, identificado apenas por Serginho, de aproximadamente 19 anos de idade, foi atingido mortalmente por disparo de arma de fogo feito, supostamente, pelos efectivos da Polícia Nacional, no bairro Uíge, distrito urbano do Ngola Kiluanje, província de Luanda, durante um tumulto resultante da paralisação dos automobilistas
Na manhã de ontem, Quarta- feira, os taxistas e alguns moradores, em razão das péssimas condições em que se encontram as vias de acesso ao bairro Uíge, que tem contribuído para o aumento da criminalidade, decidiu interditar a via no sentido de pressionar as autoridades a tomarem uma posição quanto à sua reparação. Para bloquear a passagem dos que preferiram não aderir à manifestação, os cidadãos colocaram pneus na via, tendo, posterior- mente, ateado fogo, causando, assim, um tumulto nunca visto naquele distrito.
A Polícia Nacional viu-se obrigada a intervir, no sentido de manter a ordem e a segurança pública, e fez alguns disparos. Conforme apurou este jornal, o disparo aconteceu de modo acidental, dado que a Polícia tentava conter o tumulto. Ouvidos por este jornal, os moradores sublinharam que a mor- te do jovem, conhecido por Serginho, aconteceu pelo facto de este ter proferido duras críticas contra os efectivos que se faziam presentes no local. Na sequência do tumulto, outras três pessoas ficaram feridas.
Neste sentido, os taxistas que diariamente usam aquela via fazem questão de alertar que a greve não será suspensa, até que os governantes tomem uma posição quanto à situação actual daquelas estradas completamente esburacadas. Paralisados desde as 5 horas da manhã de Quarta-feira, tendo os moradores e efectivos da Polícia Nacional sido apanhados de surpresa, a manifestação não foi tornada pública. Como consequência, os mora- dores foram obrigados a percorrer longos quilómetros para chegarem aos seus locais de trabalho.
Oportunistas aproveitaram assaltar
Sabe este jornal que há também cidadãos que terão sido vítimas de assaltos durante o tumulto. Par- te dos pedestres ficou descontente com o comportamento dos efectivos da Polícia, por não terem tomado medidas severas em relação aos assaltos ocorridos durante a manifestação. Os cidadãos do distrito urbano do Ngola Kiluanje pedem a rápida intervenção das autoridades governamentais, para que situações do género não voltem a acontecer, nos próximos dias. De acordo com alguns moradores, o facto de a maior parte estar a «andar a pé» vai contribuir para o aumento do número de assaltos, a julgar pela falta de iluminação pública.
Por outro lado, defendem que o Governo não deva ficar impávido e sereno dada a situação actual do distrito, uma vez que há empresas de realce a operarem nesta zona da capital do país, com destaque para a Saigas e Sonangol. Adicionalmente, o encerramento das empresas, nomeadamente Fabimor, Induve e Embal atirou muitos jovens ao desemprego. Os espaços onde funcionavam as antigas páginas tornaram-se o habitat dos “homens do alheio”, com a administração local a manter o silêncio como se tudo estivesse a correr a mil maravilhas.
Esta reivindicação surge, igual- mente, pelo facto de o distrito encontrar-se desprovido de hospitais, água potável, assim como falta de postos de trabalho. A falta de contentores de lixo, os buracos, assim como as águas paradas continuam a ganhar protagonismo naquele distrito que clama por uma intervenção urgente da administração, sem perder de vista o número elevado de mortes por malária.