O subsídio de isolamento, que já foi aprovado e publicado em Diário da República desde Março do ano em curso, não está a ser implementado até a data presente, o que obrigará os professores a convocarem uma greve, segundo o presidente do Sindicato dos Professores, Guilherme da Silva
O SINPROF, que organizou no último final de semana a V Reunião Ordinária do Conselho Nacional, para além de analisar o regulamento eleitoral que vai definir as bases para o processo orgânico que deverá decorrer no próximo ano, mostrou-se preocupado com a não implementação do subsídios de isolamento.
Segundo o presidente do sindicato, Guilherme Silva, a questão de acomodação dos professores, o subsídio de isolamento que já foi aprovado e publicado em Diário da República, desde Março do ano em curso, poderá obrigar os professores a partirem novamente para uma greve, o que não é vontade dos seus associados.
Chegaram a um consenso com os dirigentes do sector e foi aprovado um conjunto de incentivos para as zonas recônditas, mas não foi materializado, deixando os professores a sua sorte.
Estes profissionais continuam a gastar entre 40 a 60 por cento do seu salário só nos transportes.
O responsável disse que não se consegue compreender que um país, com a dimensão política e estratégica que ganhou, continue a relegar a sua educação para o segundo plano, com investimentos pouco ambiciosos, muito abaixo dos dois dígitos do seu orçamento anual.
“Nós temos países como a RDC, Congo Brazzaville e outros que estão a alocar 16, 17 e 18 dígitos. Até São Tomé e Príncipe.
Mas em Angola 7 por cento. Deste modo, não vamos melhorar o sistema de ensino no país”, desabafou. Para o SINPROF, não se pode esperar que os professores consigam resultados melhores do que aqueles que têm apresentado com as condições em que vivem e trabalham.
Os agentes, sobretudo aqueles que se encontram em zonas periféricas e rurais, trabalham em condições completamente desumanas.
“Um professor que trabalha e reside entre a sede dos Gambos e outras localidades pode ficar dois a três dias sem tomar banho, porque para obter o líquido precioso deve percorrer mais de oito milímetros.
Alguns ainda dormem por cima dos paus”, lamentou o presidente.
Apontou ainda os aspectos negativos como as péssimas condições de trabalho, a falta de merenda escolar, o excesso de alunos nas salas de aulas, principalmente no ensino primário, a falta de manuais escolares (que são gratuitos).
Nas zonas rurais, muitas crianças percorrem 14 a 20 quilómetros para ter acesso a uma escola, vão três vezes na semana apenas porque se sentem vencidas pelo cansaço.
Incumprimento do caderno reivindicativo
O sindicato, além da sua função reivindicativa, está igualmente comprometido com os processos ligados ao sistema de educação ensino, cujas políticas públicas não têm conseguido alavancar para os níveis que se desejam, ou por má concepção das mesmas ou ainda por erros e deficiências na sua implementação.
Guilherme Silva avançou ainda que, no plano reivindicativo, as coisas não andam muito bem, na medida em que, passado quase um ano desde que foram obrigados a realizar duas fases de greve, pouco foi avançando no que se refere à materialização dos compromissos assumidos pelo Executivo naquela altura.
O MED acomodou- se depois que se viu livre da pressão da greve, segundo o sindicalista. “Infelizmente, querem nos levar mais uma vez a seguir por este caminho tortuoso, para depois alegarem que os professores são insensíveis.
Insensíveis são os que permitem que os professores, que já ganham mal, estejam em categorias desfasada das suas actuais habilitações literárias”, disse.
Considera ainda que os insensíveis são aqueles que em 2021 não olharam para o tempo de serviço de muitos agentes que foram relegados para a categoria de entrada