Dois subcomissários do Serviço de Investigação Criminal (SIC), que dirigiam a representação deste órgão na província da Huíla, enriqueceram-se através de um esquema ardiloso de furto e venda de viaturas apreendidas por estarem supostamente em situação irregular. De um total de 13 viaturas provenientes da Namíbia, maioritariamente top de gama, arroladas ao processo, apenas foi possível recuperar três, segundo a Procuradoria-Geral da República
Alberto Amadeu Gonçalves Suana, de 67 anos, Samuel Ramos Peso, de 58 anos, subcomissários, e o oficial superior de investigação criminal, Waldemar João, este já falecido, são acusados de terem amealhados elevadas quantias financeiras através deste esquema que manchou não só os seus nomes como da corporação.
Para a Procuradoria-Geral da República, os três agiram de forma consciente, livre e deliberada com o propósito, concretizado, de defraudar o Estado angolano, bem como de se beneficiarem dos veículos automóveis afectos a processos-crimes e de inquérito que tramitavam no SIC-Huíla.
“E, assim, enriqueceram-se de forma ilegal, colocando em causa a boa imagem e idoneidade do Serviço de Investigação Criminal, enquanto instituição idónea do Estado”, sublinhou o magistrado do Ministério Público junto da Câmara Criminal do Tribunal Supremo, Lucas Ramos.
O procurador fez estes pronunciamentos no momento em que procedia à leitura da acusação deste processo-crime, registado com o n.º 46/24, que corre os seus trâmites legais no Tribunal Supremo pelo facto de os dois oficiais comissários gozarem de fórum especial. Tudo começou em 2014, quando Alberto Suana e Samuel Peso exerciam os cargos de director e director provincial adjunto do SIC na Huíla.
Ambos decidiram desencadear uma operação que vi- sava o combate ao furto e venda de viaturas roubadas, bem como a apreensão de veículos com vo- lante à direita e matrículas adulteradas