Independentemente de o Executivo angolano atender ou não os passivos do caderno reivindicativo do Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (SINPES), os sindicalistas abriram mãos as aulas, retomando-as ou a 11 ou 26 do mês em curso
A garantia foi expressa pelo Secretário-geral do SINPES, Eduardo Peres Alberto, durante a assembleia da sua organização sindical, na Sexta-feira passada, tendo adiantado, na ocasião, que um arranque sob a segunda modalidade forçará mais uma paragem, depois de um mês de aulas.
“Para nós, a decisão é tão simples quanto isso, no caso de o Estado atender os passivos antes do dia 11 de Maio deste 2023, os professores vão retomar as suas actividades lectivas (leccionar), a partir do dia seguinte. Mas, se não satisfizer os referidos pontos deixados na última resolução, então retomam-se as aulas de forma interpolada, até um mês e, depois, paramos, novamente”, esclareceu o secretário-geral do SINPES, sublinhando que a classe docente universitária voltará a estar em greve.
Importa referir que os passivos em causa têm que ver com os reclamados salários condignos, seguro de saúde e a reposição do subsídio de risco aos agentes físicos e biológicos, os quais, segundo Peres Alberto, o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) alegou, na ocasião em que os professores partiram para a greve, no final de Fevereiro último, que não estava à altura de atender tais exigências do caderno reivindicativo. O histórico recente da greve dos professores do ensino superior vem desde o ano lectivo passado 2021/22, quando o sindicato foi acusado pelas instâncias superiores do MESCTI de prejudicar o referido ano escolar, a mesma culpabilização que receberam neste 2022/23, sob alegação de estarem a macular o primeiro semestre e parte do segundo.
Em jeito de réplica a essas imputações directas, o líder sindical tinha desabafado, contradizendo que a sua organização sindical apresentava-se mais prudente do que o Governo. Muito recentemente, a julgar pela maneira transparente como o Conselho Económico e Social tratou de olhar para a situação que motivou a greve dos docentes universitários, conforme fez questão de salientar o secretário-geral do SINPES, que ficou a saber que esse órgão se predispunha a comunicar o resultado da conversa com o sindicato ao Titular do Poder em Angola, os professores animaram-se e criaram expectativas positivas, acreditando que alguma coisa boa possa acontecer nos próximos dias.
O que mais estimula o SINPES a ter grande esperança é o facto de os integrantes do conselho, que estiveram no encontro, terem reconhecido que a luta do SINPES ia de encontro à visão do Presidente João Lourenço, no que tange à vontade de ver instituições do ensino superior estatais no ranking das melhores do continente africano. As garantias do órgão que pro- meteu mediar a situação que põe de um lado o SINPES e de outro o MESCTI estavam ‘coroadas’ com a promessa de o órgão de apoio ao Presidente da República, João Lourenço, auscultar também a instituição ministerial, a fim de poder mediar melhor o caso, quando estiver à mesa do Chefe do Executivo angolano.