Duas pessoas morreram e uma outra ficou ferida num confronto entre membros da seita igreja adventista do Sétimo Dia a luz do mundo e agentes da Polícia, que cumpriam um mandado de detenção contra fiéis desta organização religiosa, no Huambo. O grupo reaparece oito anos depois do massacre no monte Sumi
A informação foi avançada pelo Comando Provincial do Huambo da Polícia Nacional de Angola (PNA), num comunicado de imprensa assinado pelo comandante provincial naquela circunscrição, comissário Manuel Gonçalves. No documento a que o jornal OPAÍS teve acesso, este órgão do Ministério do Interior (MININT) naquela província esclarece que membros desta seita religiosa, actualmente sob liderança de Isaac Fernando, têm estado a desenvolver actos que se traduzem em ameaças às populações, além de incitação à violência.
“Elementos ligados à seita religiosa Igreja Adventista do 7.º Dia A Luz do Mundo […] e seus correligionários conhecidos por “Os Blindados” têm levado a cabo acções que se configuram em afronta às autoridades e associação criminosa, consubstanciadas em ameaças às populações, intimidações e incitação à violência” O comunicado espelha ainda que as práticas ilícitas são perpetradas no município do Bailundo, comuna do Lunge, propriamente na aldeia de Uchia, onde o grupo liderado pelo também conhecido “Rei Nombo” tem-se apropriado, indevidamente, de campos de cultivo das populações locais.
A Polícia Nacional no Huambo explica, no seu documento, que perante estes factos o Ministério Público (MP) emitiu vários mandados, ordenando a comparência dos mesmos. No entanto, prossegue a nota, as orientações foram desacata- das, razão pela qual o MP ordenou a detenção dos referidos indivíduos, com destaque para o seu líder, que reagiram com actos de agressões contra os emissários da Polícia Nacional. “Estes ofereceram uma forte resistência, empregando objectos contundentes contra as forças policiais, o que resultou na morte de dois indivíduos e um ferido, entre os insurgentes”, informa o doumento, no qual a Polícia apela à calma a população em geral, em particular a do Bailundo, e o respeito às autoridades.
O jornal OPAÍS contactou o diretor do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa da Delegação Provincial do MININT no Huambo, superintendente-chefe Martinho Cavita, no sentido de avançar outros detalhes à volta do assunto, mas este prometeu apenas adiantar em ocasião oportuna. “Os dados que constam do comunicado são aqueles que a Polícia entende que devem ser de caracter público nesse momento. O que não consta, certamente, a Polícia virá a público para anunciar oportunamente”, disse.
Confronto em 2015 matou vários agentes da PNA
Em 2015, movida por denúncias populares, a Polícia enviou agentes ao local onde se realizava um retiro desta seita. No local, segundo informações avançadas pela PNA naquele ano, os efectivos teriam sido atacados pelos fiéis da organização, que, anteriormente, foi acusada de ter provocado embaraços ao censo populacional de 2014.
As forças policiais que cumpriam um mandado de captura contra o líder da confissão, na altura José Julino Kalupeteca, foram recebidos com tiros, provocando a morte de sete efectivos do Coman- do Provincial do Huambo., entre os quais o comandante municipal na Caála. De acordo com a Polícia, à data dos factos, os agentes deslocavam- se à localidade da Serra Sumé, a 25 quilómetros da sede municipal da Caála, onde, também, um oficial da Polícia ficou ferido nos confrontos em que, segundo as autoridades, a corporação tentava dispersar os fiéis com tiros para o ar.