O projecto, criado pelos artistas MC-K e Bruno-M, foca a sua actuação no processo de reabilitação dos detidos, através da distribuição de livros e criação de bibliotecas e salas de leitura de modo a diminuir os índices de criminalidade
Para além da capital, Luanda, o projecto “Livrar Cadeias para Pacificar as Ruas”, de iniciativa dos artistas BrunoM e MC-K, está, agora, presente nas províncias da Lunda-Norte, Lunda-Sul, Malanje e Uíge com impacto directo no processo de reabilitação dos detidos destas unidades.
Em declarações ao jornal OPAIS, MC-K, um dos mentores do projecto, disse que a iniciava continua a transformar vidas de vários reclusos por via da distribuição de livros, a criação de salas de leitura e bibliotecas dentro das unidades penitenciárias.
Segundo o artista, em 2021 a iniciativa celebrou um protocolo de cooperação com a UFOLO e os Serviços Penitenciários para a criação de salas de leitura e bibliotecas nas cadeias do país.
Até ao momento, frisou, a iniciativa já está presente nas comarcas de Malanje, Saurimo, Damba, na ala feminina da Comarca de Viana e no estabelecimento prisional de Cacanda, na Lunda-Norte.
O artista referiu que este protocolo de cooperação tem quatro eixos fundamentais de actuação, dos quais se destaca a iniciativa “Livrar cadeias para pacificar as ruas”, que é um projecto de combate à criminalidade de forma invertida.
Conforme explicou, ao invés de se combater a criminalidade nas ruas, a iniciativa actua no processo de reabilitação dos presos dentro dos próprios estabelecimentos prisionais, viabilizando o contacto directo destas pessoas com os livros.
“Fora das cadeias, os jovens têm poucas bibliotecas.
Então tentamos, com isso, criar a possibilidade de redução dos níveis de reincidência e fazer com que quando as pessoas saiam das cadeias sejam inseridas na sociedade”, explicou.
Formação de consultas aos detentos
Segundo MC-K, outra vertente do mesmo projecto está ligada à componente formativa, com realização de seminários dentro dos estabelecimentos prisionais, com matérias relacionadas aos direitos humanos para os operadores penitenciários e também visitas e consultas psicoterapeuticas para os reclusos.
MC-K referiu, igualmente, que o projecto tem realizado actividades lúdicas nas unidades penitenciárias, com enfoque para o teatro, cinema, música e partida de futebol que são abertos a todos os detentos.
Apoio a iniciativas comunitárias
Noutra abordagem, MC-K fez saber que, dentro do quadro de estímulo à leitura, o projecto tem estado a apoiar pequenas iniciativas comunitárias, como aconteceu, recentemente, com a oferta de livros à Biblioteca Despadronizada, no município de Viana, cujos livros ofertados foram parte de um total de 2 mil livros doados pela Porto Editora.
Neste quadro, o artista está, igualmente, a proceder à recolha de livros que serão levados ao município da Quibala, Cuanza-Sul, onde, por iniciativa de um grupo de jovens, está a ser criada uma biblioteca comunitária local.
“Com os livros estamos a fazer a nossa parte no processo de consciencialização dos jovens. Mas é preciso compreender que vários processos contribuem para a criminalidade em Angola, desde o alto nível de criminalidade e o acesso à educação”, frisou.
MC-K, que prepara, para os próximos tempos o lançamento da sua mais nova obra discográfica, defendeu a necessidade de uma maior aposta na educação para a diminuição dos índices de criminalidade que, no seu entender, ainda continua a ser das grandes preocupações que assolam diferentes comunidades do país.