Benguela lidera o número de casos de mortos que são desenterrados, violenta- dos e estuprados com a invasão aos cemitérios. Huambo, Cabinda e Luanda fazem parte da lista. A polícia diz ter o “cerco apertado”, os responsáveis dos cemitérios clamam por maior segurança e os familiares apelam por justiça. Já os especialistas divergem nas motivações da prática. Enquanto isso, os mortos seguem importunados, mesmo por baixa da campa, aonde era suposto estarem em pleno repouso
Uns são pegos pela polícia e outros seguem foragidos. Mas, todos, seguem a mesma prática que remonta há anos, conforme pesquisa feita pelo OPAIS. Invadem cemitérios, desenterram os mortos e abusam de cadáveres das mais diversas formas. Uns alimenta-se dos cadáveres e outros envolvem-se sexualmente com os mesmos. As razões que os envolvidos invocam, quando são pegos pela polícia, são controvérsias.
Uns falam em mero prazer e outros apontam o orgulho desmedido pela aquisição de posse, poderes e bens mate- riais como estando na base das motivações que os leva a desenterrar e a envolverem-se sexualmente com os mortos. A prática é uma verdadeira importunação ao silêncio dos mortos que, regularmente, vai acontecendo nos cemitérios do país com contornos alarmantes. Entretanto, os cemitérios, que outrora eram tidos como lugares de respeito, dai terem recebido a denominação de campos-santos, actualmente estão transformados em espaços de desordem, arruaça, brigas e violações.
Na verdade, estas acções não são novas, mas, diariamente, vão ganhando novos contornos, considerados preocupantes tendo em conta a sua brutalidade. Os dos últimos casos, praticados, esta semana, na província de Benguela, com a exumação de dois cadáveres, seguido de violações e estupro, “acendeu o alerta vermelho” sobre a situação de importunação do silêncio dos mortos. Contas feitas, daquilo que chegam às autoridades, Benguela lidera o número de casos de mortos que são desenterrados, violentados e estuprados.
Huambo, Cabinda e Luanda fazem parte da lista. Na semana finda, o primeiro caso foi do cadáver de uma jovem de 22 anos, identificada por Stela Geovane Carvalho Gonçalves, que foi enterrada no cemitério da Catumbela aonde foi desenterrada e abusa- da sexualmente por pessoas que até agora seguem desconhecidas. O acto, que chocou o país, ocorreu no dia 16 deste mês. Ainda no mesmo cemitério, o cadáver do antigo treinador de guarda-redes de futebol da Académica Petróleos do Lobito, Domingos To- más Pedro, foi, igualmente, abusado por pessoas ainda por identificar.
O cadáver do treinador, de 74 anos de idade, foi desenterrado e roubado o espólio desportivo com que havia sido sepultado. À semelhança do que aconteceu com o cadáver da jovem de 22 anos, os familiares encontraram o cadáver apenas de roupa interior. Da perícia feita pela equipa legista determinou-se que o cadáver teria havido penetração de pênis no ânus do corpo.