Pressa, arruaça e até cometimento de crimes, que vão parar às estatísticas da morte, tem sido o comportamento da grande maioria dos operadores de mototaxis. A polícia, que tem o registo de 668 mortes e 4 mil e 928 feridos envolvendo mototaxis, “aperta” nas medidas de fiscalização. Já os próprios motoqueiros reconhecem a velocidade, justificando a pressa na angariação de clientes que dependem das duas rodas para se locomover
Por pouco, José Kila, 30 anos de idade, faria parte da triste estática de vítimas mortais por causa dos acidentes de viação envolvendo mototxistas que, em número significativo, andam pelo país transportando cidadãos de um lado para o outro, sobretudo nas zonas de difíceis acesso em que o transporte público não chega. Na pendura de um mototaxista, naquele fatídico dia 07 de Maio de 2022, às 15 horas, Jose Kila saía do mercado do Asa Branca para o interior do bairro Kalawenda, município do Cazenga.
A viagem, ao preço de 150 kzs, decorria tranquilamente, até que chegaram na zona dos aviários onde se depararam com uma carrinha de marca Hilux que estava encosta- da à berma da estrada para deixar um passageiro. “A mesma carrinha piscava para o lado direito, dando assim sinal que entraria para a faixa e prosseguir com a sua viagem normal. Já o motoqueiro, que me levava, por falta de conhecimento do código de estrada, ao invés de abrandar e deixar que a viatura entrasse completamente na estrada, optou por acelerar e fazer uma ultrapassagem ar- riscada”, contou.
Entretanto, na sequência, como a carrinha já tinha parte da sua estrutura dentro da faixa de rodagem, o motoqueiro não viu outra alternativa senão entrar em sentido contrário, onde também vinha uma outra motorizada em alta velocidade. Já ao meio do perigo, José Kila contou que o motoqueiro ainda tentou esquivar a outra motorizada, que vinha na sua faixa, mas sem sucesso. E acabaram por embater contra o outro veiculo. Do acidente, José fracturou a perna esquerda. Já o motoqueiro partiu igualmente uma perna e um dos braços.
José passou por várias cirurgias para conseguir recuperar o mínimo de movimento e sensibilidade do membro afectado. Actualmente faz fisioterapia e tem parte do movimento da perna comprometida, o que não lhe possibilita fazer as coisas que fazia antes, como jogar la, dançar ou correr. Também, por conta do acidente, o nosso entrevistado foi desempregado e actualmente sobrevive de pequenos biscates. “Se o motoqueiro não tivesse pressa e cumprisse com as normas de trânsito, talvez hoje não estivesse nessas condições. É muito difícil”, desabafou o jovem.
Assim como José, muitos são os cidadãos que reclamam do comportamento na via da grande maioria dos mototaxistas que operam pelo país, particular- mente em Luanda. Se, por um lado, os operadores de mototaxistas são vistos como um dos principais factores de mobilidade, carregando centenas de cidadãos de um lado para outro, por outro lado, estes homens, que andam sob duas rodas, são apontados como principais causadores de acidentes na via pública devido à forma como se desdobram, pondo, inclusive, as suas próprias vidas e de terceiros em risco.
e de terceiros em risco.