As instituições de ensino privadas, que não têm condições pedagógicas e técnicas para a formar quadros com qualidade para o sector da saúde, poderão ser encerradas mediante denúncias que a Ordem dos Enfermeiros de Angola (ORDENFA) pretende apresentar aos ministérios da Educação e do Ensino Superior, Ciência e Tecnologia de Informação
A revelação foi feita por Paulo Luvualu, bastonário desta organização, que se encontra, desde ontem, na cidade do Lubango, na sequência de um périplo que está a realizar em todo país para avaliar as condições que as instituições de nível médio e superior, publicas e privadas, que formam quadro neste segmento, oferecem aos seus estudantes.
De acordo com o bastonário da ORDENFA, depois das visitas de constatação feitas nas instituições de formação de técnicos de saúde, serão tomadas várias medidas que vão desde a aplicação de multa até ao não credenciamento dos estudantes com cédulas ou carteiras profissionais. “Como nós não temos poder nem legitimidade para encerrar escolas, vamos sugerir a quem é de direito que tome as devidas medidas.
Depois de darmos as nossas sugestões aos ministérios da Educação e do Ensino Superior, é necessário que se aplique uma sanção”, frisou, acrescentando que “se isso não acontecer, vamos usar a [outra] arma que temos, que é o não credenciar dos técnicos formados nestas instituições”. Antes de escalar a província da Huíla, a equipa da Ordem dos Enfermeiros de Angola, encabeçada pelo seu bastonário, passou pelas províncias do Bié, Huambo, Malange, Luanda, Cuanza Sul, Cuanza Norte e Benguela.
Durante as visitas, constataram um outro problema que é o excesso de alunos em cada turma. “Nas instituições em já passa- mos, o maior problema é a falta de laboratórios e bibliotecas. A nível do país este problema tem si- do a nossa grande dor de cabeça. O maior problema está nas escolas privadas de nível médio e também algumas de nível superior”, frisou..
De acordo com o nosso interlocutor, a equipa da ORDENFA ainda não identificou nenhuma escola pública sem condições para formar muito menos com excesso de alunos. “Já nas privadas é um caso sé- rio: nós encontramos escolas que tem 1.000 a dois mil alunos matriculados no curso de enfermagem. Isso preocupa-nos”, desabafou.
“institutos privados sem condições para formar com qualidade”
Paulo Luvualu afirmou que a maioria dos Institutos Privados de Formação de Técnicos de Saúde em Angola não têm condições pedagógicas e técnicas para for- mar quadros com qualidade para este sector nevrálgico de uma sociedade. O bastonário disse que essa situação tem estado a preocupar a sua organização, razão pela qual clama por uma maior atenção da parte do sector da Educação que licencia a abertura de instituições do género.
Durante uma entrevista cedida aos órgãos de comunicação social na província da Huíla, Paulo Luvualu destacou a falta de laboratórios de enfermagem, de fisiologia e biblioteca como as principais carências constatadas em instituições de algumas províncias já visitadas pela sua equipa. Paulo Luvualu informou ainda que um dos objectivos das visitas que a ORDENFA está a realizar nas 18 províncias do país é averiguar a idoneidade formativa das instituições de ensino técnico profissional no sector da saúde, dada a importância que existe para a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Ser enfermeiro só será possível com exame
Paulo Luvualu anunciou, por outro lado, que, a partir deste ano, o credenciamento com cédula ou carteira profissional aos enfermeiros vai ser feito mediante a realização de um exame nacional para garantir um maior controlo da sua qualidade técnica.
Para o efeito, segundo disse, já existe um laboratório nacional de enfermagem, análises clínicas e fisiologia que será estendido para o resto do país dentro de pouco tempo, que tem a missão de testar todos os candidatos que pretendem adquirir o seu credenciamento para o exercício da profissão. Salientou que a medida vai possibilitar com que sejam devidamente sancionadas aquelas instituições que não reúnem condições e que não acatarem as recomendações que estão a deixar no decorrer da visita de constatação.
Paulo Luvualu explicou que para ter acesso aos exames nacionais, que será um dos requisitos para se atribuir a carteira, a escola de origem do candidato deverá estar catalogada como uma instituição que prima pela for- mação de qualidade. “Aquela que não está a formar bem será castigada naturalmente”, desabafou, salientando “não acreditar que aquela escola que não tenha condições para for- mar os seus alunos, postos num laboratório saberão manusear os equipamentos ai presentes”.