Dois mil e 870 novos casos de tuberculose foram registados, em 2023, no Hospital Sanatório da província da Huila, representando um aumento de 839 casos, comparado com o período anterior, revelou, ontem, o médico Lourenço Kotele
O director referiu que a sua unidade sanitária, em 2023, realizou 24 mil e 187 consultas, dentre estes pacientes três por cento foi a óbito, contra os cinco por cento em 2022. Mas, ainda assim, é preocupante, pois seria bom que já não morressem pessoas pela doença. Segundo o especialista, tais pacientes eram provenientes dos bairros Bula Matadi e Tchioco, no Lubango e dos municípios vizinhos da Humpata e da Chibia, assim como alguns da Bibala (Namibe), dada a proximidade com a capital huilana.
Explicou que a tuberculose é ainda, um problema de saúde pública, olhando para os números, porque neste momento são controlados mil e 541 doentes na fase intensiva, assistidos de forma ambulatória, há dois meses, e mil e 71 na etapa de manutenção. Por outro lado, anunciou que 379 pacientes abandonaram o tratamento da tuberculose durante o ano de 2023, no Hospital Sanatório do Lubango, observando um aumento de 153, em relação a 2022.
Situação que Lourenço Kotele descreve como sendo “recorrente e preocupante”, apontando factores “tridimensionais” que concorrem para o abandono, como a falta de transporte para chegar ao hospital, a falsa informação sobre uma alegada melhoria, após um mês da administração da medicação e o consumo exagerado de bebidas alcoólicas. Em declarações à Angop, detalhou que os 379 doentes cor- respondem a 13%, o que é alto, pois o indicador para melhorar o programa deve ser reduzido para 5%, para que o combate ao abandono seja uma luta que precisa do envolvimento de toda sociedade.
Destacou que um dos perigos deste abandono do tratamento da tuberculose é a mudança de categoria da tuberculose sensível para a Multi-Droga Resistente (MDR), que leva muitas dessas pessoas à morte e propicia novos contágios. “Com tudo isso, o Estado tem gastos avultados, sendo que com a tuberculose sensível, gasta em torno de 100 dólares americanos para o tratamento de um doente internado, num período de uma a duas semanas.
Já na Multi-Droga Resistência são 1.000 dólares para cuidar de um doente, cujo tratamento vai até seis meses”, elucidou. A saída para reduzir a elevada taxa de abandono do tratamento, segundo a fonte, passa por munir os centros e postos de saúde de capacidade médica e medicamentosa, para evitar que esses doentes andem muitos quilómetros, assim como a aquisição de meios de transportes para auxiliar o doente após a alta hospital.
Sanatório sem condições para diagnosticar casos mais complexos
O Hospital Sanatório do Lubango está com dificuldades para realizar exames para de- terminar doentes com tuberculose do tipo multi-droga resistente, por falta do teste rápido molecular GeneXpert MTB/RIF. O teste detecta, simultaneamente, o Mycobacterium tuberculosis e a resistência à Rifampicina (RIF) e é feito directamente em amostras respiratórias como escarro e escarro induzido, com um tempo de duas horas.
O director daquela unidade, Lourenço Kotele, destacou que a unidade sanitária tem um aparelho do género, mas em estado obsoleto e que precisa de reposição. “Não é que não tenhamos do- entes nestas condições, mas nós não só podemos tipificar a multi-droga resistente sem que haja esse exame, daí a necessidade de termos esse aparelho na nossa unidade, para dar respostas assertivas aos pacientes sobre o seu diagnóstico”, aludiu. Segundo o responsável, o Sanatório do Lubango precisa de um laboratório diferenciado de microbiologia, para poder olhar para a característica da resistência de antibióticos a outras doenças.
Justificou, em declarações à Angop, que, actualmente, se o paciente tiver tosse persistente, o tratamento é feito à base de antibióticos, mas se os sintomas continuarem, com um laboratório diferenciado, o seu sangue seria colhido para ir à microbiologia que analisa o tipo de bactéria. Assim como a infecção que tem, o tipo de agente e também o mesmo laboratório de microbiologia consegue trazer o agente causal e o antibiótico eleito sensível. Actualmente, explicou, o hospital conta com três laboratórios, um de dermatologia e igual número de hemoterapia equipado, na componente das transfusões e o de hematologia e baciloscópio.
O Hospital Sanatório do Lubango é um estabelecimento público da rede hospitalar de referência provincial, está integrado no Serviço Nacional de Saúde e faz a prestação da assistência médica e medicamentosa aos pacientes com doenças de natureza fisiológica, com sinto- mas respiratórios. A sua estrutura conta 207 funcionários, dos quais 12 eventuais, com realce para 12 médicos de diferentes especialidades, 10 enfermeiros, 58 técnicos de enfermagem, 34 técnicos de diagnóstico e terapêutica, pessoal administrativo e pessoal de apoio.