As autoridades sanitárias da província de Cabinda estão a criar todas condições indispensáveis, com a implementação de medidas preventivas e de contenção, que visam combater o surto de cólera que se regista na República Democrática do Congo (RDC), país que faz fronteira com essa região
Apesar de não haver o registo de casos de cólera ao nível da província, mesmo possuindo uma vasta fronteira comum com a RDC, as autoridades locais estão a precaver a situação, criando condições humanas, técnicas e de logística para conter o contágio da doença a partir do país vizinho.
O secretário provincial da Saúde de Cabinda, Rúben de Fátima Buco, disse, nesta cidade, que já foram dadas orientadas às unidades sanitárias a trabalharem no rastreio das doenças diarreicas, uma vez que a cólera se apresenta como uma doença cuja diarreia pode ser caracterizada pela sua coloração e pelo seu fluxo. Existe um plano estratégico e de contenção à luz da Comissão Provincial de Combate às Epidemias, segundo a fonte.
“A partir daí iremos trabalhar em conjunto na prevenção e, sobretudo, nos aspectos ligados à educação à saúde da nossa população, concretamente da água que consome, na lavagem das mãos de forma regular, evitando levar alimentos, frutas ou legumes directamente à boca antes de serem desinfectadas”, detalhou. Segundo Rúben Buco, não obstante a província de Cabinda não dispor de um laboratório com capacidade para diagnosticar a doença, exames próprios são feitos directamente às fezes da pessoa suspeita, com vista a diagnosticar a cólera através da sua coloração e do seu fluxo.
“Essa caracterização está sendo evidenciada”, garantiu. “Há um grau de preparação quer logística, constitucional e de recursos humanos para o combate à cólera no ponto de vista preventivo”, adiantou Rúben Buco, assegurando que “ainda não temos relatos nem registo de casos de cólera na nossa província”. A nível das fronteiras, afirmou, foi desenhado um Plano Conjunto de Intervenção entre os Serviços de Saúde das FAA, da Polícia Nacional e do sector provincial da Saúde. O objectivo é efectuar visitas de constatação e de sensibilização das populações e dos funcionários colocados em todos os postos fronteiriços dos quatros municípios da província de Cabinda.
Fiscalização reforçada em sete fronteiras
O plano de visita, a iniciar esta semana, vai resultar na implementação de medidas de prevenção nas fronteiras do Yema, Lindo, Kibubo, Chimbuandi, Mbacakossi, Chingundo e Lucula Zenze. No município de Cacongo, estão visadas as fronteiras de Massábi e Beiranova, sobretudo esta última pela vizinhança com a RDC, onde já se registam casos de óbitos. No Buco Zau, o trabalho da comissão multissectorial vai cingir nas localidades de Pinto da Fonseca, Chicuango, Caio, Pango, Vingui, Seva e Conde Contena, enquanto no município de Belize nas fronteiras do Viedi, Pângala, Sucokuigundi, Bomapeni, Kindamba, Massamba, Miconge Ve- lho, Cungo Tadi, Sanga Luango e Conde Cavunga.
Durante a visita aos postos, de acordo com Rúben Buco, serão distribuídos baldes para desinfectar as mãos, sabão e álcool em gel, uma vez que a cólera tratar- se de uma doença de transmissão fectoral e as mãos sujas constituem vectores mecânicos de transmissão do vírus à boca.
Equipa multissectorial em acção
“Vamos incentivar mais ainda as medidas higiênicas e educação para a saúde nas nossas fronteiras que são operadas por uma equipa multissetorial ligada a SME, AGT, Polícia de Guarda Fronteira e de Ordem pública”. Estes organismos e a população, segundo Rúben Buco, serão alvos da nossa preparação em termos de educação para saúde para prevenir a cólera, no que diz respeito à higienização na base geral e, fundamentalmente, no saneamento básico do meio ambiente e na alimentação.
De acordo com o nosso interlocutor, as fronteiras vão ser bem reforçadas com recursos humanos (com mais técnicos), sobretudo na fronteira do Yema, principal por- ta de entrada de estrangeiros da RDC para o território da província de Cabinda. A nível das unidades sanitárias estão a ser criadas condições de isolamento, já que a cólera acusa um quadro diarréiaco e vômitos de forma coerciva e que, rapidamente, se desidrata e desestrutura fisicamente a pessoas, com fraquezas que levam rapidamente a óbito.
“Daí também as condições logísticas de reposição, sobretudo estamos a falar de soros e alguns antibióticos de eleição”. Por outro lado, Rúben Buco apelou a população a estar mais vigilante, e no caso de alguém manifestar um quadro de diarreias deve automaticamente procurar os serviços de saúde que irá no âmbito da caracterização clínica e estabelecer o diagnóstico de modo a isolar o paciente.
POR: Alberto Coelho, em Cabinda