A falta de activação do crédito britânico de 415 milhões de euros por parte do Ministério das Finanças, no âmbito de uma garantia soberana do Estado angolano, forçou, há alguns dias, a paralisação de um número significativo de obras, com destaque para cines e mercado do Chapanguele, mas o Governo Provincial de Benguela está confiante na retoma do ritmo anterior em 2024
O Governo viu-se obrigado a paralisar as obras de requalificação dos cines (Flamingo, no Lobito, e Monumental, em Benguela) e do mercado de Chapanguele, também na cidade dos flamingos, por insuficiências de verbas, uma vez que os 415 milhões de euros ainda não estão activados pelo Ministério das Finanças. Os referidos cines encontravam-se em estado de total abandono e tal cenário teria preocupado o governador de Benguela, que se encarregou de os incluir na lista de infra-estruturas por reabilitar urgentemente, a que chamou de “Plano Integrado de Infra-estruturas Emergenciais” para, como tem sublinhado Luís Nunes, conferir melhor qualidade de vida à população local.
Em relação ao Chapanguele, está a ser construído um mercado de raiz, que vai atender a milhares de feirantes, invertendo a prática de venda à beira da Estrada Nacional 100 e em outros locais de risco para os vendedores. O novo mercado, cujas obras estão paradas, conforme constatou este jornal, vai contar com áreas de conservação de produtos, áreas de jardinagem, lancilagem, arborização e iluminação pública. Em virtude de insuficiência de verbas, o Governo diz ter concentrado a sua atenção nas principais avenidas, nomeadamente a 10 de Fevereiro e a 31 de Janeiro, esta última liga à da praia Morena.
Por uma questão de mobilidade urbana, segundo o vice-governador para o sector técnico e infra-estruturas, Adilson Dellany Gonçalves, o governo local tudo fez para que as intervenções nas principais avenidas não fossem afectadas, estando já concluídos os trabalhos de macro drenagem Pois, para além do canal do Coringe, não havia, em Benguela, um canal de colecta de água para as restantes partes da cidade. Em seu entender, aquando da sua conclusão, essa infra-estrutura vai contribuir para o escoamento de águas residuais.
Empresários “juntam-se” a Luís Nunes no clamor pela liberalização do dinheiro
A primeira vez que se soube da inactivação dos 415 milhões de dólares, financiamento britânico, foi em Maio deste ano, num encontro que o governador provincial de Benguela, Luís Nunes, manteve com jornalistas, no Palácio da Praia Morena. Alguns empresários, em Benguela, juntam-se a Luís Nunes no apelo ao Ministério das Finanças para activação dos 415 milhões de euros, de modo a recuperar o ritmo de algumas obras circunscritas no Plano de Infra-estruturas Integradas e Emergenciais.
Parte considerável dessas encontra- se parada e só arrancou porque a construtora Omatapalo tinha avançado com fundos próprios, segundo as autoridades. Em meados de Outubro, à margem da visita do ministro da Administração do Território, Dionísio Manuel da Fonseca, o governador de Benguela endereçou recados a Luanda e falou dos riscos que representava aquele estado de coisas para as obras nesta província.
Em declarações ao jornal OPAÍS, empresários afirmaram que, quando concluídas, as obras delineadas por Luís Nunes, tão logo assumiu as rédeas de Benguela, vão mudar significativamente a imagem da província, daí que se afigure importante o retomar do ritmo dos projectos. Por outro lado, voltaram a colocar o acento tónico na questão relativa à falta de oportunidade de alguns empresários. Félix Kibeka clama por mais oportunidades, porque, na sua opinião, há um grupo de empresários privilegiados.
Entretanto, para Luís Nunes, esse é, para já, “um não-assunto”, pois, apesar de ter sido a empresa construtora a ir atrás do financiamento britânico, há, de resto, “oportunidades para todos”. Sem nunca ter perdido de vis- ta a questão da crise económica que assola o país, o empresário Pedro Ngalã prefere dar o benefício da dúvida ao governo central, sublinhando, porém, que “o Ministério das Finanças tem estado a fazer um aperto de cinto financeiro”, convencido de que se trate apenas de um período e, não tarda, Benguela há-de ter os recursos de que precisa para dar seguimento às obras.
“As obras estão paradas, sim, tem que se ter paciência de esperar, o Governo está ciente disto”. Segundo realçou, as obras têm mesmo de arrancar, porque está em causa a imagem de Benguela e a expectativa gerada na população local. Ngalã salienta que as obras do Plano Emergencial ganharam aquele ímpeto, não obstante os apertos financeiros do país, devido à qualidade de governante/ empresário de Luís Nunes. “É um governante e também é um negociante, com visão”, sublinha. Por sua vez, o empresário Evanir Coelho lembra, porém, que o contexto económico não está a favor do Governo de Benguela, manifestando-se esperançado no dinamismo de Luís Nunes, para se retomar o ritmo inicial de grande parte das obras. “O crédito é de âmbito central, não depende nós, cabe-nos esperar.
O tipo de obras que estão a ser feito não é benéfico só para a província, mas também para turistas, para sentirem que temos uma cidade boa, urbanizada, com esgoto, enfim”, resume. Recentemente, em declarações à imprensa, o governador de Benguela, Luís Nunes, afirmou ter recebido garantias do Ministério das Finanças da activação dos 415 milhões de euros para este mês de Novembro. Em papel, tal como tinha noticiado este jornal, Luís Nunes tem mais de mil milhões de dólares em projectos para virar Benguela ‘de patas para o ar’, segundo o governante. Aos 415 milhões sobreditos junta-se um segundo credito aprovado na ordem dos 482 milhões de dólares a cujo horizonte temporal da sua activação dificilmente as autoridades se referem.