A 1.ª edição do Prémio de Inovação de Tecnologia Ambiental, apresentada ontem, em Luanda, ficou marcada com a premiação de três projectos finalistas, de um grupo de 25 apresentados por estudantes do II Ciclo e universitários, para solucionar os mais variados problemas ambientais
Dos vinte e cinco projectos ligados à tecnologia ambiental, apresentados na feira de “inovação de tecnologia ambiental”, foram seleccionados 10 finalistas, tendo três dos quais chegados à premiação feita ontem, numa iniciativa da Associação dos Engenheiros e Gestores Ambientais de Angola, a OMUENHO e a Agência Nacional de Resíduos Sólidos.
Um dos três finalistas é o jovem Joelson Álvaro, de 19 anos, estudante do Instituto Médio Industrial de Luanda (IMIL), curso de electrónica e automação, 13ª classe, que li- dera um grupo de nove estudantes que, preocupados com questão da seca na província do Cunene, a desertificação no Namibe e a nova transição energética (energia solar), procurou fazer alguma coisa.
“Foi assim que criamos o projecto Cuango, em homenagem ao rio com o mesmo nome, que está dividido em cinco módulos. O primeiro, por meio das árvores (que são o epicentro do ecossistema terrestre) temos a fonte de alimentação fotovoltaica, numa construção inteligente, pois possuem sensores e processadores para se manterem virados ao sol, de maneira a atingir alta eficiência energética”, explicou.
O grupo, para este primeiro módulo do projecto, pretende aplicar em áreas de difícil acesso, sem acesso à rede eléctrica, para tornálas autónoma. O segundo módulo do projecto consiste na produção do hidrogénio, de modo a alavancar a transição energética do país, e o tornar referência na exportação de energias renováveis.
“Este módulo é bivalente, pois resolve um problema da área da saúde, produzindo oxigénio para uso hospitalar”, disse Joelson, tendo aproveitado a oportunidade para explicar o terceiro módulo do projecto Cuango, que visa fazer a destilação da água do mar, que utiliza o processo de destilação por ebulição da água marítima, e consequente desinfecção com recurso à luz ultravioleta.
Prioridade para a solução da seca no Cunene
Os dois últimos módulos estão li- gados. Um, com a produção de combustível à base de CO2, através da captura, processamento e reaproveitamento do CO2 para combustível amigo do ambiente, e outro consiste na criação de um condensador de água atmosférico. Condensa a humidade presente no ar e as purifica, resultando assim em água consumível, e pode ser alimentada por painéis solares.
O estudante de electrónica e automação, Joelson Álvaro, foi o segundo classificado e recebeu o prémio 700 mil kwanzas. “Os projectos ainda não estão concluídos, temos apenas protótipos, mas com o valor do prémio vamos concluir todos, sendo que decidimos que o prioritário é o condensador de água atmosférico, para ser aplicado na província do Cunene, por causa da seca”, frisou o jovem.
Projecto de mini-hídrica arrebata o 1.º lugar
Adão Augusto, de 36 anos de ida- de, foi o primeiro classificado e apresentou o projecto de uma mini-hídrica. O jovem, que vem da província de Malanje, município do Cuaba Nzoji, disse que o objectivo do seu projecto é ajudar as localidades que têm falta de energia eléctrica, como na sua comunidade , onde não tinham possibilidade de carregar telemóvel, assistir televisão e melhorar a produção agrícola.
O projecto já funciona de modo experimental no seu município, mas a grande dificuldade que encontra é a falta de material para aumentar a capacidade de produção eléctrica, o que muitas vezes faz com que se desloque à província de Luanda. Com o valor do prémio, um milhão de kwanzas, pretende adquirir novos equipamentos e atingir aquele desiderato. A ambientalista Fernanda Renée membro do júri, explicou que a iniciativa vem resolver e dar resposta aos mais variados problemas ambientais que existem no país, dentre os quais a poluição, resíduos, alteração climática, perda da biodiversidades seca.
Particularmente ficou sensibilizada com o segundo classifica- do, a apresentação de água através da humidade é um projecto, segundo ela, que responde à problemática da seca na província do Cunene. “Através destes jovens, o país pode recorrer à ciência, a academia para resolver os problemas ambientais. Para tal, o Governo deve criar prémios nacionais para dar voz às várias preocupações que a sociedade enfrenta, não apenas ambientais, mas também económicas”, finalizou.