A província de Benguela, fundamental- mente o seu litoral, tem vivido, nos últimos dias, uma crise de energia eléctrica derivado, em muitos casos, segundo a ENDE, de vandalização de infra-estruturas de transporte, cujo prejuízo está avaliado em um milhão de dólares. Enquanto isso, os cidadãos questionam a eficiência dos dois parques de energia solar, as famosas fotovoltaicas
A ENDE na província de Benguela informou que às 23 horas, do dia 12 de Abril, registou uma perturbação no sistema eléctrico, provocando a abertura do disjuntor de 60 kv que alimenta a linha Benguela Sul/Baía-Farta, afectando os serviços de fornecimento de energia eléctrica da se- de da Baía Farta, Baía Azul e a Comuna do Chamume. A ENDE fez a primeira avaliação e constatou a danificação de sete torres de alta tensão, tendo considerado a situação de grave.
Sem pretender chegar a qualquer conclusão tão cedo, na nota de imprensa a qual o jornal OPAÍS teve acesso, presume-se que seja um acto de vandalização das “treliças de uma torre de amarração que cedeu devido a descompensação de esforços mecânicos e que puxou as torres de alinhamento” e, por conta do qual, a empresa soma prejuízo na ordem de um milhão de dólares.
Entretanto, cidadãos questionam o que tem sido feito da produção das fotovoltaicas nesta província, para que cenários de restrição, por conta de “perturbação no sistema eléctrico “, como justificou a Empresa Nacional de Distribuição de Energia, não se de- viam registar, por ter sido prometido que, em caso de restrição do sistema interligado norte, os mais de 300 megawatts, produzidos no Biópio e Baía-Farta, se- riam introduzidos para evitar restrição no fornecimento. Os consumidores, sobretudo os que se beneficiam do sistema pré- pago, sugerem celeridade no trabalho de reposição da normalidade por conta das dificuldades por que estão a passar por falta desse bem público.
Os cidadãos dizem que, apesar das vandalizações de que a em- presa está a ser alvo nos últimos tempos, há a necessidade de se investir nas infra-estruturas, fundamentalmente em algumas linhas que, na óptica deles, já estão obsoletas, daí as restrições no fornecimento. “Não somos nós que vamos fazer a substituição dos cabos, dos postes e nós estamos à espera que tudo aconteça. Mesmo no meu bairro da Zâmbia, aqui no Lobito, zona alta, tem um poste que caiu e eles (os homens da ENDE) é que deixaram cair”, disse o cidadão Felisberto Bonifácio.
O cidadão Mamba responsabiliza o Governo pelo actual quadro de restrições e diz estar a faltar investimento em infra-estruturas energéticas e, ao que lhe parece, a empresa não dispõe de condições financeiras para investimentos de grande vulto. De acordo com o arquitecto Sérgio Chitata, que falava à rádio Ecclésia, Quarta-feira, 19, os problemas de energia eléctrica decorrem do facto de os investimentos da ENDE não terem acompanhado o crescimento demográfico de muitos bairros, de sorte que tenha alertado para o facto de a falta de energia eléctrica condicionar o crescimento económico. “Assim, a nossa economia não cresce. Nós vimos agora, no fim- de-semana passado, as pessoas tiveram de ir à rua, porque não tinham energia eléctrica, e mesmo na rua não conseguiram satisfazer aquilo que eram as suas necessidades básicas”, disse.
POR: Constantino Eduardo, Benguela