O Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, em Luanda, começa, hoje, a operar pacientes usando o microscópio cirúrgico e um sistema de neuro-navegação, compra- dos para dar cobro às mais variadas patologias do fórum neurológico que obrigavam muitos angolanos a procurarem tratamento fora do país
A referida unidade hospitalar que tem o ser- viço de neurocirurgia devidamente equipa- do, desde o motor de alta rotação – usado para a abordagem em doenças do crânio e coluna – recebeu, nesta semana, dois novos grandes equipamentos, nomeadamente um microscópio cirúrgico e um sistema de neuro-navegação. Com a chegada destes equipamentos a realidade da neurocirurgia angolana muda, segundo Jamel Kitumba, director de neurocirurgia do Complexo Hospitalar de Doenças Cardio-Pulmonares, uma vez que há registos de muitos casos de doenças que afectam o sistema nervoso, que são passíveis de intervenção cirúrgicas mas, por conta da escassez de recursos, a maior parte dos doentes recorriam aos serviços fora do país.
“Era uma carga muito grande para a Junta Médica e com a chegada destes dois grandes equipamento vamos ter maior capacidade de resposta aos casos. Será preciso tratar com maior precisão e segurança, e menor risco de défice em cirurgias”, disse. Mesmo antes da chegada destes equipamentos, o hospital tem da- do respostas satisfatórias a patologias da coluna vertebral degenerativa, hérnia discal, hidrocefalia, tanto em adultos quanto em crianças, e em alguns tumores de superfície.
O serviço de neurocirurgia faz, em média, seis a cinco cirurgias por semana. Para o neurocirurgião, com a chegada destes equipamentos, será possível duplicar o número de cirurgias e, qualitativamente, vai mudar muito a realidade do serviço. Agora, terão maior capa- cidade de tratar lesões mais pro- fundas do cérebro. O hospital em questão tem três neurocirurgiões e estão habilita- dos a trabalhar com este sistema, para além de os técnicos auxiliares terem participado em formações na Medtronic – a empresa que vendeu o sistema de neuro- navegação.
O sistema de neuro-navegação é da referida empresa, que tem representação em Angola, e foi comprado dentro de uma autorização especial do Presidente da Republica, João Lourenço, depois de numa visita feita ao hospital ter notado a necessidade destes equipamentos. Foi aprovado um valor de aproximadamente USD 2 milhões para a aquisição de tais equipamentos.
A compra engloba a assistência técnica de três anos. Depois de a equipa ter noção do volume de cirurgias, e se atingir o limite para a manutenção, farão a devida assistência, segundo Jamel. Existem 35 neurocirurgiões em Angola, e 17 são angolanos, mas deste número de nacionais poucos são os que exercem a actividade.