As chuvas que se abatem um pouco por todo o país provocaram a morte a 58 pessoas, só no mês de Novembro, de acordo com os dados disponibilizados pela Protecção Civil e Bombeiros de oito províncias, e compilados pelo jornal OPAÍS. As descargas atmosféricas ou raios, a queda de paredee e o afogamento são as principais situações que contribuíram para que estes cidadãos angolanos perdessem as suas vidas
O saldo actual das últimas chuvas que caíram sobre Luanda está contabilizado em pelo me- nos quatro mortes causadas pelas correntezas das águas que arrastaram as vítimas até deixá-las sem vida. Entre os mortos, três eram membros de uma mesma família Os dados foram avançados, ontem, pelo Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), em Luanda, que anunciou as primeiras três mortes ocorridas na capital do país por conta das chuvas serem de uma mãe que foi arrastada pelas águas com os seus filhos.
O facto aconteceu, no município de Cacuaco, quando a progenitora tentou realizar, sem êxito, a travessia de uma vala de drenagem, mas, ao meio do percurso, “foram arrastados pelas correntezas das águas”, segundo a porta-voz do SPCB-Luanda, Maina Panzo. “A semana passada, tivemos três mortes.
Foi uma mãe e os seus dois filhos com idades compreendidas entre 3 e 5 anos. Desta época chuvosa, já evoluímos para quatro mortes a nível da província de Luanda”, avançou. A responsável esclareceu que a quarta morte foi registada na Terça-feira, 21, pela mesma causa. As chuvas que caíram sobre a província de Luanda, na referida data, mataram uma menor de 10 anos, depois de ter sido, igualmente, arrastada por uma forte corrente, no município de Belas.
A porta-voz aconselhou, por isso, as pessoas a permaneceram nas suas residências sempre que possível, enquanto estiver a chover. Porém, sublinhou, se forem surpreendidas devem abrigar-se em locais seguros e evitar permanecer debaixo de árvores.
Mais de 800 residências inundadas e rastos de destruição
As quedas pluviométricas deixaram mais de 800 residências inundadas, na presente época chuvosa, além de árvores que cederam aos fortes ventos e caíram, das ruas alagadas, principalmente as secundárias e terciárias. Os registos destas ruas são do distrito urbano do Zango, município do Cazenga e no município de Cacuaco. Nestas zonas, algumas valas de drenagem chegaram a ultrapassar a sua capacidade e a transbordar.
“De residências inundadas, ti- vemos um total de 800. Algumas ruas da província ficaram mesmo intransitáveis”, disse. No distrito urbano de Vila Flor, o SPCB apontou a queda de nove árvores, enquanto nos municípios de Viana e de Talatona as chuvas provocaram a inundação de uma escola pública e dois deslizamentos de terra, respectivamente.
Cuando Cubango: quatro mortes e mais de 300 pessoas ao relento
As chuvas, na província do Cuando Cubango, mataram quatro pessoas por descargas atmosféricas e deixaram outras 14 feridas pelas mesmas causas, bem como por desabamento de paredes, segundo o porta-voz do SPCB-Cuando Cubango, terceiro subchefe Albano Cutarica. “Desde o início da presente época chuvosa, no passado dia 15 de Agosto do corrente ano, nós temos o registo, até ao momento, de 18 vítimas humanas, entre as quais quatro resultaram em óbito por descarga atmosferas e 14 ficaram feridas”, informou. Segundo o chefe do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do SPCB-Cuando Cubango, além dos mor- tos e feridos, as chuvas deixaram ainda 300 pessoas ao relento, depois da destruição das suas residências.
Os dados fazem parte de um registo de 145 residências afectadas, desde o princípio da época. As lavras não foram poupadas, sendo que 65 ficaram alagadas, no município do Dirico. “Nós temos 95 residências destruídas totalmente e mais de 50 destruídas parcialmente, o que perfaz 675 pessoas que foram afectadas, das quais mais de 300 ficaram ao relento”, adiantou.
Para o Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, naquela província, os dados reflectem as preocupações do comando, que assume o objecto social de garantir a protecção da vida, do património e do ambiente. Albano Cutarica avançou que, quando as vidas que devem ser protegidas são ceifadas pelo fenómeno natural, constitui um acréscimo à preocupação do SPCB, pelo que, antes do início da época, desenvolveu uma campanha de sensibilização sobre os riscos de desastres decorrentes das chuvas.
Huambo: 26 mortes
Na madrugada da última Quinta-feira, a região de Bailundo registou fortes chuvas, que causaram a morte de uma criança de dois anos de idade e ferimentos a outras duas da mesma família. Dois dias antes, na Terça-feira, um casal, no município da Caála morreu vítima de descarga atmosférica.Ainda por conta da chuva, no mesmo município (Caála), duas crianças perderam a vida em consequência do desabamento de uma parede da casa na qual viviam.
Refira-se que as chuvas que caem um pouco por toda a província do Huambo provocaram, na semana finda, 18 mortos, dos quais 11 por descarga eléctrica, além de 21 feridos graves e ligeiros. E, no primeiro dia de Novembro, três pessoas morreram, na cidade do Huambo em consequência da chuva.
Huila: cinco mortes
Cinco pessoas morreram e outras oito ficaram feridas, em consequência das primeiras chuvas da temporada, acompanhadas de descargas atmosféricas, que se abateram sobre a Huíla nos últimos sete dias. A informação foi avançada, na Quarta-feira, pelo porta-voz em exercício do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros da Huíla, Francisco Matias, realçando que ao todo, de 15 a 21 deste mês, foram registadas 45 ocorrências, com o registo de 13 vítimas com idades entre os sete e os 35 anos, cujos locais de incidência são os municípios de Caluquembe e do Lubango.
Malanje: 12 mortes
As últimas enxurradas causaram nove mortes em Malanje, divididas em seis no município sede, duas em Calandula e uma em Cacuso, bem como o desalojamento de mil e 731 famílias, segundo a porta-voz da Comissão Provincial de Protecção Civil, Paulina Dimuna. Nos dias 7 e 6 de Novembro choveu torrencialmente e três pessoas perderam a vida. Com 621 casas destruídas, o município de Malanje é, até ao momento, o mais afectado, seguido por Mucari, com 78 e Calandula 74.
Uíge: três mortes Três pessoas morreram e 85 outras ficaram desalojadas, na província do Uíge, em consequência das fortes chuvas que caíram na região. Tratam-se de dois menores de cinco e 14 anos, respectivamente, que estavam a banhar- se à chuva e foram arrastadas pela correnteza das águas. O facto ocorreu nos bairros Mbemba Ngango e Dunga, na cidade do Uíge. A outra vítima (cidadã de 42 anos) morreu soterrada devido ao desabamento da parede da sua residência, no município do Bungo.
Moxico: duas mortes
Duas pessoas morreram e mil e 365 ficaram desalojadas desde o início da presente época chuvosa nos municípios do Alto-Zambeze e Bundas, de acordo com os Serviços de Protecção Civil e Bombeiros locais. As duas pessoas morreram vítimas de descarga atmosférica, enquanto 273 famílias perderam as suas residências em consequência das fortes chuvas.
Cuanza Sul: duas mortes
Duas pessoas morreram e 43 residências ficaram parcialmente destruídas em consequência das fortes chuvas que se abateram, nos últimos sete dias, na província do Cuanza Sul. Uma das mortes ocorreu no município do Mussende, quando um cidadão, de 19 anos de idade, foi atingido por uma descarga atmosférica, enquanto a outra registou-se no Libolo, tratando- se de um idoso, de 71 anos, que foi arrastado pela correnteza das águas pluviais.