A Polícia de Guarda Fronteira (PGF) em Angola tem o registo diário que vai de mil a 2 mil detenções de pessoas que cometem crimes neste território. As infracções mais frequentes nas são as emigrações clandestinas, o contrabando de combustíveis e a caça furtiva
Segundo o chefe de estudo e planeamento da Polícia de Guarda Fronteira (PGF), subcomissário Américo Roberto, o número das detenções por dia roda entre mil e 2 mil, sendo a fronteira da República Democrática do Congo a que apresenta maior preocupação, cobrindo 75% dos casos. Actualmente, as infracções mais frequentes nas fronteiras são as emigrações clandestinas, o contrabando de combustíveis e mercadorias diversas, e a caça furtiva, sobretudo de espécies em via de extinção.
O também porta-voz do 45° aniversário da Polícia de Guarda Fronteira (PGF), Américo Roberto falou ao jornal OPAÍS à margem da mesa redonda realizada no último fim de semana, em que foram abordados diferentes assuntos que afectam o sector. Ainda ao longo desta semana serão igualmente realizadas diferentes actividades para celebrar o aniversário da PGF, a ser assina- lodo no próximo dia 26 do corrente mês. Entre as actividades consta a inauguração de um posto rádio técnico de vigilância e monitoramento da fronteira, localizado em Santa Clara, província do Cunene.
“A busca de informações sobre as violações de fronteira, no âmbito da emigração clandestina, contrabando de combustíveis, entre outras infracções vão registar melhorias, para além de se reduzir o esforço humano no sector”, sublinha. Actualmente, a PGF se debate com diversas preocupações, com maior realce para o número reduzido de recursos humanos, infra- estruturas e logística. Contudo, há previsões de que as questões que têm que ver com o aquartelamento sejam melhoradas, segundo o porta-voz, com a conclusão das instalações do posto radiotécnico ao nível do país.
Há ainda a perspectiva de recrutamento de pessoal, de forma a colmatar o défice que existe nos postos de guarda fronteira, criação de um portal para a gestão da fronteira estatal, que vai permitir o controlo de dados estatísticos, não apenas sobre os emigrantes, contrabandistas, mas também a troca de informações entre todos os órgãos que intervém no sistema de segurança da proteção da fronteira.
“Guardar uma fronteira com mais de 5 mil Km não é fácil”
A carência de pessoal actualmente está na ordem dos 49% e precisam elevar para 100%, até 2027. No que concerne às infra- estruturas, a pretensão é transitar de 4% para 88%. “Refiro-me às unidades de base, tais como postos de guarda fronteira, o ingresso de novos efectivos que deve ser direccionado à população residente ao longo da fronteira estatal”. Na ocasião, o ex-comandante Paulo de Almeida contou a sua história por ser um dos primeiros polícias de guarda fronteira, tendo apontado o crescimento deste órgão, embora reconheça que carece de muito apoio.
“Guardar uma fronteira com mais de 5 mil quilómetros não é nada fácil, bem como as condições disponíveis para os efectivos, a situação dificulta a eficiência e a capacidade de controlo”, disse. Chamou atenção sobre a importância da existência do espírito patriótico, o que faz com que a vontade e o esforço de proteger as fronteiras fale mais alto no agente, apesar de se registar acessos difíceis e a falta de meios que são escassos. Paulo de Almeida apelou aos efectivos da PGF a serem corajosos, a terem espírito de missão e que ao seu nível farão tudo que possa estar em condições de fazer cumprir as suas tarefas.
Por seu turno, o comissário-chefe António Kandela lembrou que a PGF é um órgão importante para a segurança do país e ganhou o seu espaço, em função da actividade e acções que tem desenvolvido.O crescimento começou em 2013, quer do ponto de vista dos efectivos, como de formação. Sobre a complexidade das fronteiras, frisou que todas são iguais em função do quadro que cada uma apresenta, porém, a que representa maior responsabilidade é a do Congo, tendo em conta o movimento de pessoas (do Congo para Cabinda, Zaire, Lunda Sul e Moxico).