Edson Caetano de Oliveira, detido aos 5 de Outubro de 2022, após estar na situação de prófugo durante algum tempo, sob a acusação do crime de usura, burla por defraudação e recebimento indevido de valores estimados, até ao momento em mais de cinco mil milhões de Kwanzas, a mais de três mil cidadãos, responde em tribunal.
O Tribunal Provincial de Luanda, no Benfica, começou ontem o julgamento, com a leitura da acusação, deste caso que envolve a burla de mais de três mil cidadãos, cujo processo carrega inúmeros imóveis e móveis apreendidos, pertencentes a empresa Xtagiarious Finance.
Vinte e seis residências, do tipo T3 e T2, destas 18 inacabadas no Projecto Cajueiro, Zango 4; quatro terrenos de dimensões a serem calculadas, nos Zangos 3, 4 e 5; duas quintas, uma na localidade do Kikuxi e outra na comuna do Calumbo; uma clínica e duas lojas, no Zango 3, bem como quatro viaturas (uma Rang Rover e uma BMW e duas Nissan), são alguns dos que constam da apreensão feita pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC).
Aos bens apreendidos juntamse mais 16 imóveis na centralidade do Zango 8.000, apreendidos em Agosto de 2022, pertencentes a mesma empresa.
A empresa Xtagiarious Finance apresentava-se como uma instituição do ramo financeiro, mas foi dada como ilegal pelo Banco Nacional de Angola, por meio de um comunicado tornado público em 2021, em que diz que a referida empresa “não estava habilitada a exercer qualquer actividade financeira sujeita à sua supervisão, sobretudo na captação de depósitos e aplicações monetárias, actividades estas reservadas às instituições financeiras bancárias”.
Dada as acusações, Edson colocouse em fuga, na altura, tendo ficado foragido por seis meses, até ser detido em Outubro de 2022, em Benguela.
A detenção resulta também do facto de não ter respondido às várias notificações no sentido de comparecer para apresentar a sua versão dos factos de que vem acusado. Hoje, está a ser ouvido em audiência de julgamento, no tribunal de comarca do Benfica.
Recorda-se que as primeiras reclamações dos clientes da Xtagirious foram feitas em 2021, sendo a apreensão dos bens resultante de 18 processos-crime em curso, onde são queixosos vários cidadãos, contra Edson Caetano de Oliveira.
A empresa financeira, fundada em 2013 pelo empresário Edson de Oliveira, apresentou-se em Abril de 2021 à Forbes Angola como uma ‘start-up’ avaliada em mais de quatro mil milhões de kwanzas, empregando directamente, na altura, 218 jovens e outros 30 de forma indirecta.
O empreendedor tinha dito à revista que o negócio começou com um grupo de quatro amigos, que criaram uma revista digital há oito anos, com conteúdos sobre moda, ‘hip hop’ e negócios, que evoluiu depois para a prestação de serviços ao sector financeiro.
O Tribunal de Luanda marcou para a próxima segunda-feira o início da audição do réu e as mais 800 testemunhas do processo.