O Tribunal da Comarca do Lubango ouviu, ontem, Terça- feira, o médico legista que teve contacto com o cadáver da jovem bancária Roxanna Isabel Pestana, para a realização da autópsia, e este especialista disse que o corpo apresentava sinais claros de lesões provocadas antes da morte
Na audiência de ontem, do processo que tem arroladas 20 testemunhas e 11 declarantes, foram ouvidos os peritos do laboratório de balística do Serviço de Investigação Criminal da Província da Huíla, o chefe do Departamento de Medicina Legal e um funcionário do casal que, a data dos factos, procedeu à remoção do cadáver de Roxanna Isabel Soares Pestana.
O médico-legista que realizou a autópsia ao corpo de Roxanna Isabel Soares Pestana, António Pascoal, disse que o cadáver apresentava lesões em algumas partes do corpo. “Foram encontradas lesões a nível da clavícula esquerda, de carácter contundente forte, que só pode ser causada por contacto com superfície dura.
Apresentava ferimentos na face temporal direita, com orifício de entrada de projéctil de arma de fogo; hematomas periorbital bilateralmente na região externa e membro inferior. Estas lesões foram feitas antes da morte e não são lesões auto-infligidas, mas sim causadas por uma terceira pessoa”, disse. António Pascoal revelou ainda que foram, igualmente, encontradas lesões no tórax, tendo acrescentado que pelos sinais encontrados no corpo da vítima, a mesma terá sido agredida muito antes da sua morte.
Falta de exames específicos pode “embaraçar” o processo
Entre as testemunhas ouvidas, na última Terça-feira, pelo Tribunal da Comarca do Lubango, consta igualmente o perito criminalista do laboratório de balística do Serviço de Investigação Criminal, Intendente João Kissanga. João Kissanga participou que nos exames realizados no local em que o corpo de Roxanna Isabel Soares Pestana foi encontra- do, no passado dia 25 de Setembro de 2021, foram difíceis no que diz respeito à perícia, porque quando chegou ao local, o mesmo já tinha sido desvirtuado.
Ainda assim, o espaço foi minuciosamente vasculhado pelos peritos, em busca de indícios para a descoberta da verdade, tendo si- do inclusive usado um detector de metais para a localização do invólucro projectado pela arma. “Nós encontramos o local totalmente alterado, porque por via de regra, o local deveria ser isolado e protegido. No local não foi encontrado nem o invólucro nem o projéctil da arma, ainda assim, procuramos pela mesma arma usa- da no crime e esta foi encontrada num armário, no interior da residência.
Pelo tipo de arma, não era possível encontrar o invólucro, porque tratava-se de um revólver que não usa carregador, mas sim um tambor. Feita a perícia, encontramos quatro munições e dois invólucros”, detalhou. Interrogado sobre a autoria do disparo, João Kissanga precisou que não é possível responder, porque existem exames que deveriam ser feitos, porém, a falta de laboratórios e reagentes para o efeito, não conseguiram.
“Removi o corpo porque queria salva a minha mulher”
Walter Ribeiro Raposeiro, de 64 anos, voltou a ser interrogado, nesta Terça-feira, no julgamento em que é acusado de ser o autor da morte da sua própria esposa, Roxanna Isabel Soares Pestana, sobre as razões que o levaram a ordenar a remoção do corpo por um dos seus funcionários. Em meio a tanta contradição, o arguido respondeu que agiu daquela maneira com o intuito de salvar a esposa, depois de ter sido comunicado pelos funcionários sobre o que tinha aconteci- do na sua casa.
O juiz presidente da causa, Geraldo Hukuma, perguntou a Walter Raposeiro, se tinha comunicado à Polícia sobre o que tinha acontecido à sua esposa, pelo estado em que a mesma se encontrava, pelo que respondeu negativamente. “Quando soube do acontecido, eu apenas liguei para a Inspectora Maida, oficial da Polícia Nacional, que à data dos factos trabalhava no comando Provincial da Huíla, dizendo que a Roxanna se tinha matado e ela respondeu- me que está bem, vou já mandar a polícia ir ter contigo”, declarou.